A identificação com a empresa tende a ser tão importante quanto salários na atração e retenção de funcionários -e ações de voluntariado estão entre os pontos considerados pelos trabalhadores, segundo especialistas.
Pesquisa da consultoria Michael Page feita com cerca de 2.000 profissionais em julho deste ano mostra que a preocupação com as ações de responsabilidade social das empresas é considerada fator muito importante para 46,6% dos brasileiros na análise de oferta de emprego.
Não é à toa que o trabalho voluntário tenha alcançado até programas de trainee. Em 2010, os jovens do Itaú, por exemplo, foram desafiados a organizar uma ação social.
Para o advogado Caio Borges, 25, que diz ter trabalhado cerca de 150 horas no projeto, a possibilidade de organizar a ação, buscar seu custeio e participar dela "foi um diferencial do programa".
"Trabalhar em uma empresa socialmente responsável é um orgulho", corrobora a engenheira civil Priscila de Oliveira e Silva, 28, que participa dos programas sociais da Vale desde 2008, quando ingressou na empresa.
Com colegas de trabalho, percorreu escolas de regiões pobres produzindo relatórios sobre a estrutura física dos locais. O documento foi enviado ao governo, que exige esse tipo de avaliação para reformar escolas públicas.
Foi a primeira oportunidade de Silva de combinar voluntariado e engenharia. "Ficamos mais comprometidos [com a empresa]", avalia.
Geração Y
A gerente de responsabilidade corporativa da PricewaterhouseCoopers, Patrícia Loyola, afirma que a ação voluntária tem o poder de atrair a geração Y (nascidos entre 1978 e 2000) para a empresa.
"O jovem é muito motivado pelo desafio e pelo senso da causa, quer saber qual é o propósito daquilo que está fazendo", explica a gerente.
Os valores da PricewaterhouseCoopers -entre eles, o comprometimento com a comunidade- são listados pelo assistente de auditoria Victor Sato, 27, como atrativos. Há três meses, ele participa de projetos de voluntariado da companhia.
Quartas e sábados, sempre fora do período de expediente, Sato leciona noções de contabilidade para jovens de comunidades pobres.
"Ensinamos a terem mais contato com disciplinas ligadas ao mundo dos negócios, como economia", descreve.
Para o diretor-executivo do Instituto Camargo Corrêa, Francisco Azevedo, a retenção obtida com os programas de voluntariado é mais eficaz do que a atração que exercem. "A pessoa que trabalha aqui [na empresa] já teve a oportunidade de vivenciar ações voluntárias e se sentiu bem com isso", diz.
Essa notícia foi publicada no Folha Online, em 07/08/2011.
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