
Você se sente parte da empresa? De verdade? Um estudo internacional conduzido pela consultoria Deloitte, com mais de dois mil líderes de RH de 94 países, constatou que só 13% dos profissionais se sentem comprometidos e entusiasmados com seu trabalho. E o pior: mais que o dobro disso está tão desengajado que é propenso a espalhar negatividade para os demais. O que isso nos sugere é que a gestão estratégica de pessoas está fracassando mundialmente.
Se essa maré chegou à sua empresa e você é uma figura de proa, nós propomos algumas táticas para resgatar a motivação e o engajamento do pessoal e salvar o barco:
1. Tenha um motivo de existência em que se possa crer
É preciso dar diariamente às pessoas motivos para renovarem seu interesse pelo o que estão realizando. Não parece viável? É porque você ainda não parou para pensar a respeito. De diversas formas, você e as lideranças da empresa podem mostrar aos profissionais por que são importantes. Uma das principais é definir e comunicar a missão não só da empresa toda, mas de cada área. Quanto mais personalizado, melhor. Cada pessoa quer se sentir fundamental, você inclusive.
É preciso que fique claro que a empresa ganha com a pessoa tanto quanto a pessoa ganha com a empresa. E isso acontece, por exemplo, quando os projetos e tarefas são detalhados para quem deve realizá-los. Mesmo tarefas cotidianas, mas que têm seu propósito claro, fazem a pessoa se motivar por elas.
Agora, se você, como líder, quer dar o pontapé inicial e engajar sua equipe, enquanto a empresa não comunica sua razão de ser, a especialista em inteligência comportamental, Heloísa Capelas, dá uma dica: “Não basta que um líder saiba quem são seus funcionários, mas que também conheça a si mesmo, reconheça seus talentos e suas deficiências. Só assim será capaz de interpretar as pessoas que a rodeiam e ajudar sua equipe a vestir a camisa, se envolver com os projetos e atingir os melhores resultados”.
2. Não espere mais resultados porque pagou por eles
Um grupo de pesquisadores das universidades de Stanford e Michigan decidiu estudar os efeitos da recompensa sobre as pessoas e, para isso, reuniu três grupos de crianças que gostavam de desenhar:
Grupo 1: soube que receberia um certificado por seus desenhos;
Grupo 2: recebeu o certificado de surpresa após desenhar;
Grupo 3: não esperava e não recebeu recompensa alguma.
Resultado: As crianças dos Grupos 2 e 3, que não esperavam receber nenhuma recompensa, demoraram menos para entregar seus desenhos do que as crianças do Grupo 1, que perdeu o interesse no desenho, possivelmente por associarem, a recompensa a obrigações que rejeitam, como comer toda a comida (olha o aviãozinho!), fazer a lição de casa e dormir cedo.
Conclusão: Depois de analisar este e outros 128 outros estudos sobre os efeitos da recompensa, estudiosos concluíram que “recompensas tangíveis tendem a ter um efeito significativamente negativo sobre a motivação intrínseca, mesmo quando são oferecidas como indicadores de um bom desempenho”. E qual seria a alternativa?
3. Prometa menos e recompense de surpresa
Quando a expectativa é muito grande, é difícil um resultado que não seja ao menos um pouco decepcionante. Por isso, uma ótima saída é ouvir o insight do empreendedor João Paulo Pacifico, fundador do grupo Gaia, que conta a solução de gestão estratégica de pessoas que encontrou:
“Em 2014 acabamos com os bônus e criamos os prêmios. Funciona como uma surpresa para quem achamos que merece. O prazer de bater as metas deve ser a própria sensação de vê-las atingidas e assim obter o reconhecimento. No longo prazo, quem bate mais metas tende a receber mais prêmios, pois são os que mais se destacam. Por ser inesperado o prêmio gera uma sensação de felicidade muito maior do que o bônus. Pude perceber isso na prática”. Além disso, uma ótima forma de recompensar, que não é tangível, como dinheiro, é a seguinte:
4. Dê mais autonomia e proponha desafios novos
“Você tem autonomia para fazer como achar melhor”. Quem não espera ouvir isso de seu/sua líder, quando se trata de uma tarefa que você foi preparado(a) para cumprir? Talvez, a pessoa nem esteja exatamente pronta para aquele desafio, mas se ela sabe que não será rebaixada se falhar, investirá um empenho sem precedentes para fazer daquele o melhor trabalho da sua carreira.
Um estudo da Universidade de Cornell descobriu que empresas que encorajam a autonomia dos seus profissionais cresceram quatro vezes e tiveram um terço da rotatividade, comparadas com as que supercontrolam seus funcionários. O que é preciso que os líderes compreendam é que uma pessoa pode ter autonomia para desempenhar seu trabalho com mais flexibilidade, mais espaço para respirar, sem que isso implique agir ao seu bel prazer, fazer o que lhe der na telha. Um profissional é uma célula do órgão chamado equipe, que por sua vez, compõe em interação com as outras equipes, o organismo vivo e saudável que a empresa é.
A interdependência é base do sucesso de um negócio. A mera dependência, não. Ter uma gestão estratégica de pessoas é saber e aplicar isso.
Essas dicas foram publicadas no blog Runrun.it
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