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Os maiores desafios das PMEs no Brasil

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Confira os principais obstáculos para as Pequenas e Médias Empresas no país indicados por Carlos Melles, Presidente do Sebrae

O desejo de se manter competitivo no mercado faz parte dos objetivos de qualquer empresário. Essa tarefa é ainda mais trabalhosa às Pequenas e Médias Empresas (PMEs), grupo que ainda está em busca das adequações necessárias para atender às exigências tributárias, trabalhistas, sanitárias e de posicionamento no mercado. Então, afinal, quais são os principais desafios das PMEs atualmente?

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), cerca de metade da força de trabalho no país está localizada nas pequenas empresas, totalizando 44,8% dos empregados formais. Para as PMEs, esse cenário até transmite confiança, porém as dificuldades não são poucas para as companhias que desejam crescer no Brasil.

Segundo Carlos Melles, presidente do Sebrae entre 2019 a 2022, para expandir os empreendimentos, é preciso pensar em inovação. Ele também aponta que, em geral, “os donos de pequenos negócios acabam enfrentando alguns obstáculos que podem ser bastante difíceis de transpor, como a falta de qualificação deles próprios e da equipe, a dificuldade de acesso a crédito para investir em pesquisa e desenvolvimento, pouco conhecimento do cliente e da concorrência e o pouco preparo para gestão”, explica. 

O que fazem as PMEs que foram destaque em crescimento?

De acordo com o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), houve, em 2022, a expansão de 1,9% das pequenas e médias empresas brasileiras. Entre os destaques estão o avanço do Setor Agropecuário e o crescimento no Centro-Oeste. 

Segundo Felipe Beraldi, gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, o mercado de PMEs foi favorecido em 2022 pelo maior controle da pandemia de covid-19 e os consequentes efeitos mais moderados na economia em comparação com 2021 e 2020.

Nesse sentido, é preciso ter clareza sobre quais são as diferenças entre as companhias que mais cresceram e aquelas que ainda são emergentes. Entre os destaques no sucesso de desempenho é a consequência da combinação de diversas estratégias focadas em:

  • Crescimento;
  • Inovação;
  • Eficiência;
  • Talentos.

Quais são os maiores desafios das PMEs?

Enfrentando a competição com os novos negócios e com as empresas já consolidadas, as PMEs ainda precisam lidar com:

  • Os desafios de gestão de pessoas;
  • Alta carga tributária;
  • Acesso restrito ao crédito;
  • Dificuldades na gestão financeira. 

Para Carlos, além desses problemas, a maioria dos donos de pequenas empresas do país não se qualificam antes de abrir o próprio negócio e acabam cometendo erros evitáveis, mas que podem custar o crescimento da organização. 

Para apoiar na identificação desses erros, o ex-presidente do Sebrae elencou 3 pontos de atenção em que as PMEs devem trabalhar. Confira:

1 – Modernização da gestão de pessoas

As empresas passam por mudanças constantes, consequentemente, a gestão de pessoas precisa acompanhar o ritmo para atender as exigências de um mercado volátil. Ao mesmo tempo, os profissionais de RH devem entender os próximos passos da organização em direção ao futuro para desenvolver os talentos, fazendo com que todos caminhem juntos em busca dos melhores resultados.

De acordo com Carlos, a otimização de processos e a realização de melhorias no atendimento são um dos principais diferenciais para que as PMEs agreguem ainda mais valor ao seu negócio nos últimos anos. “Nesse sentido, é preciso os pequenos negócios precisam elevar ao máximo seu nível de eficiência na área de gestão de pessoas”, afirma.

2 – Retenção de talentos

Estruturar e oferecer um local de trabalho que favoreça a atração e retenção de talentos é uma atividade indispensável para o sucesso das PMEs. Todavia, garantir o crescimento e a sobrevivência em um mercado que atualiza rapidamente não é fácil.

Por isso, é importante, de acordo com Carlos, levar em consideração que o ambiente externo tem mudado muito. “As melhores empresas compreendem a importância de recrutar profissionais engajados e talentosos e investem em políticas voltadas para esse propósito, como a oferta de um plano de carreira estruturado e de um ambiente saudável”, destaca.

Resultados “encomendados” podem ser vilões

Segundo Carlos, a retenção de talentos ainda é um grande desafio para as PMEs. “Principalmente porque os gestores continuam utilizando um sistema de motivação da equipe baseado na lógica da punição e recompensa. Fatores como salários, benefícios, chefia e condições de trabalho são precários e trazem insatisfação”, explica. 

Para ele, no modelo “se, então” (se alcançar tal resultado, então recebe o prêmio) as pessoas tendem a se empenhar por estímulos e só trabalham até o ponto em que a recompensa é acionada. “Quanto maior a recompensa, maior o risco de transformar uma tarefa interessante em obrigação. Resultados ‘encomendados’ inibem soluções inovadoras”, ressalta. 

Com isso, ao ser recompensado, a tendência do colaborador é só produzir resultados se recebê-la novamente. Além de que as recompensas por metas podem resultar em conflitos na equipe. 

No novo modelo de gestão de pessoas, os ganhos financeiros são desejados, mas os principais fatores de motivação são a liberdade, o desafio e a iniciativa no trabalho. 

Para Carlos, o desejo de se tornar melhor estimula o empregado a atingir objetivos desafiadores, mas alcançados pelo seu esforço. “O propósito é criar condições para que as pessoas procurem sentido no que fazem e descubram propósitos individuais”, evidencia.  

3 – Transformação tecnológica

Um levantamento do Capterra mostrou que, das empresas entrevistadas, 25% afirmaram que promover a transformação digital é um dos três principais desafios das PMEs. Além disso, 98% das que já iniciaram o processo consideram que deveriam investir mais em recursos tecnológicos, contudo, a limitação de orçamento ainda é o maior obstáculo. 

Diante disso, Carlos informa que uma das principais missões do Sebrae ao longo da sua história tem sido mudar um conceito bastante arraigado entre os empresários, de que a inovação é algo caro e inacessível aos pequenos negócios. “Durante a pandemia, milhares de empreendedores deram prova disso”, expõe. 

De acordo com uma pesquisa feita pelo Sebrae e Fundação Getúlio Vargas, até novembro de 2020, 4 em cada 10 empresas já haviam lançado algum novo produto ou serviço desde o início da crise do coronavírus. 

A mesma pesquisa revelou também que 70% dos pequenos negócios implementaram a digitalização na divulgação ou comercialização dos seus produtos. Ele informa que isso significa, muitas vezes, “o uso de uma ferramenta simples e de fácil acesso, como o WhatsApp”, conclui. 

Necessidade de investir em desenvolvimento 

O estudo intitulado “Previsões de Investimentos Globais em Tecnologia“, encomendado pela IBM à Morning Consult, revela que 78% dos líderes empresariais brasileiros têm planos de investir em tecnologia nos próximos 12 meses. Esses investimentos incluem soluções como inteligência artificial (AI), automação e nuvem híbrida. O levantamento mostrou que essa porcentagem é maior em comparação com outros países, como Estados Unidos, Japão, Alemanha e Reino Unido.

Afinal, o crescimento por meio do uso de ferramentas tecnológicas possibilita que as empresas fiquem à frente dos concorrentes que ainda não modernizaram os seus processos internos.  Além disso, Carlos Melles acrescenta que, “com qualificação, o empresário pode desenvolver soluções dentro da própria empresa e com baixo custo”, reforça. 

Para ele, o primeiro passo para superar os desafios enfrentados pelas PMEs, seria o empresário investir em seu próprio desenvolvimento e no de sua equipe. “Muitas vezes, a solução para a melhoria do desempenho da empresa pode estar em pequenos ajustes internos”, finaliza. 

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Publicada em 9 de fevereiro de 2021 e atualizada em 13 de dezembro de 2023.

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Ícaro Sena

Ícaro Sena é formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Possui experiência nas áreas comercial e de tecnologia e já atuou em empresas como Ambev, Champion e Fazen. Na LG lugar de gente desde 2019, já foi Diretor de Sucesso do Cliente, assumindo, posteriormente, a Diretoria de Serviços e agora, em 2023, a Vice-Presidência de Operações da companhia.

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