Trabalho híbrido: 7 dicas para ter sucesso ao liderar equipes

Especialista dá dicas de como liderar no novo modelo de trabalho.

Com a pandemia, o modelo de trabalho híbrido tem se tornado uma opção cada vez mais viável para as companhias. No entanto, ainda são muitos os questionamentos acerca do tema: como liderar equipes formadas por pessoas que podem trabalhar do escritório e outras de casa, em qualquer lugar do mundo? Como manter a sinergia do time e garantir o engajamento de todos? 

Esse é um cenário que todos os líderes devem se atentar, pois a tendência veio para ficar. É o que afirma o estudo “Demanda por talentos no cenário atual em 2021”, divulgado pela Robert Half. O levantamento contou com a participação de 1.500 executivos na Alemanha, Bélgica, Brasil, França e Reino Unido, e apontou que, para 95% dos executivos entrevistados, a modalidade híbrida agora é vista como parte permanente do cenário de empregos.

O estudo ainda identificou que, de abril a dezembro de 2020, 80% das vagas trabalhadas pela Robert Half foram para posições 75% ou 100% remotas. Em 2019, apenas 5% tinham essa característica, deixando claro que a transformação é intensa.

No novo ambiente de trabalho, é fundamental que os líderes conheçam as perspectivas que o modelo promove. Por isso, levantamos informações e dicas relevantes para tornar a liderança mais prática, eficiente e próxima nessa realidade. Confira sete dicas para o trabalho híbrido que os líderes não podem ignorar.

1- Pense no líder como o maestro do trabalho híbrido

Promover uma comunicação alinhada e a equipe engajada estão entre os principais desafios do trabalho híbrido. É o que acredita Tatiana Dallago, Coordenadora e Docente do MBA de Liderança 4.0 e Desenvolvimento Humano no Instituto Projeção, além de Mentora e Trainer para desenvolvimento de líderes. “É preciso manter um sincronismo de ações, comunicações e confiança de que a equipe conseguirá entregar os resultados acordados”, afirma.

A especialista acredita que a liderança passa a assumir o desafio de “equilibrar a equipe” e usa a metáfora da orquestra para esclarecer o contexto. “Eu penso no líder como um maestro, sabendo que, individualmente, cada liderado deverá tocar seu instrumento muito bem, enquanto o gestor deverá unir essas pessoas, coletivamente, nos momentos adequados para, com harmonia, produzir uma bela sinfonia. Assim, é essencial ter clareza dos objetivos a serem alcançados e criar uma visão compartilhada para que todos possam atingir essas metas”, explica.

Além disso, precisa haver um compromisso claro entre líderes e liderados, para que o trabalho híbrido flua da melhor forma e alcance os resultados esperados. “Deve-se avaliar jornadas presenciais e, se necessário, fazer acordos sobre quem e o que carece ser executado no presencial e no remoto”, alerta Tatiana.

2- Promova o pertencimento e o engajamento

Antes de criar iniciativas para promover um bom relacionamento entre colaboradores e empresa, há uma pergunta importante a ser feita, segundo a mentora. “Você deve se questionar: se a distância e barreiras físicas não fossem impedimentos, o que eu faria? A partir das respostas, parta para a execução com os recursos de que você dispõe”, aconselha.

Para Tatiana, pertencimento e engajamento transitam pela capacidade do líder de despertar no coordenado a importância do seu trabalho naquilo que estão construindo. “Quando um liderado entende o seu papel nessa construção, quando ele vê seus resultados contribuindo para o sucesso da empresa e dos clientes através dos seus produtos e serviços, ele vai entregar mais”, defende.

Nesse cenário, o líder precisa viabilizar, tanto presencialmente quanto remotamente, conversas frequentes com os colaboradores. “Ele deve dar feedback, mostrando se o liderado está indo na direção correta e se existe necessidade de alguma mudança. Também é importante celebrar as pequenas conquistas. Quantas vezes vejo equipes completamente desmotivadas, porque sua liderança não divulga, não comemora e não parabeniza os resultados alcançados. Ou quando faz, o faz em mérito próprio, e não mostrando o que a equipe realizou”, alega.

3- Faça um esforço consciente de liderança

O líder deve dar motivos para as pessoas agirem no trabalho híbrido e também no presencial. Para Tatiana, essa ação necessita partir do coração, da vontade de entregar o seu melhor. E, para que isso aconteça, é exigido prática.

“É preciso haver treino. Coloque na agenda se necessário: prática deliberada para chegar a resultados extraordinários. Eu faço muito essa pergunta: quanto tempo você tem se dedicado conscientemente a estar presente e desenvolver sua equipe? Liste as atividades da sua semana e confira se nelas, constam atividades de desenvolvimento, de ouvir, orientar, treinar? Se não, comece agora. Ouça, compartilhe e desperte uma curiosidade genuína pelas pessoas”, recomenda.

Além disso, Tatiana aconselha que o gestor coloque as ideias dos liderados em prática. Dessa forma, ele deve prestar atenção em não priorizar somente quem está frequentando a empresa. “Esse é um grande desafio, pois a tendência de falar mais, conversar mais, delegar mais, é mais natural para quem está perto, presencialmente. Portanto, ter esse olhar atento para todos, é fundamental”, orienta.

3- Mantenha a sintonia entre liderados

O líder deve promover encontros frequentes entre os liderados, representados por pequenos rituais. “Reuniões diárias para alinhamento de ações, para verificação de impedimentos que possam comprometer o resultado da equipe são fundamentais. Também é preciso fazer encontros para descompressão, talvez uma vídeoconferência aberta para tomarem um café juntos, um happy hour virtual, tudo isso contribui para que as pessoas interajam mais, se conheçam mais e estejam sintonizadas”, explica.

Outra prática incentivada por Tatiana no trabalho híbrido é o aprendizado em conjunto. “Promova encontros e oportunidades para que alguém que saiba mais sobre um assunto possa ensinar e compartilhar o seu conhecimento com outros. Possibilite também que colaboradores diferentes trabalhem em propostas diferentes. Se eu estou acostumada a atuar nos projetos de sempre, com as mesmas pessoas, diminuo a minha chance de conhecer outros colaboradores, ideias e pontos de vista”, aconselha.

Indo além, a mentora defende a importância de dar voz aos liderados, promover uma cultura da colaboração e construção de resultados de forma participativa. “Não dá mais para o líder ser o dono da razão, o detentor de todas as respostas. E quando ele abre uma conexão com os demais membros da equipe, compartilhando decisões, incentivando a troca de ideias e, principalmente, se colocando também em lugar de aprendizado, permite que as pessoas façam o mesmo. E isso gera conexão. Isso gera sintonia”, garante.

4- Crie ações para o sucesso da equipe

Mais do que no ambiente presencial, o trabalho híbrido exige uma forte confiança no time a partir de um conhecimento profundo de quais são seus talentos, potencialidades, o que cada um faz de melhor e o que precisa ser desenvolvido.

Nesse sentido, Tatiana levanta outras ações indispensáveis para esse cenário:

  • Faça acordos bem-feitos: combine com seu time como serão realizados os acompanhamentos, os feedbacks, as reuniões 1:1, as apresentações de resultados. Concilie e faça acontecer.
  • Garanta que a comunicação flua para todos: clareza nas informações, objetivos e resultados a serem alcançados são essenciais. Não existe óbvio na comunicação. E quanto mais clara ela for, maior a chance de o líder alcançar os resultados com sua equipe.
  • Tenha ferramentas, sistemas e recursos necessários: para que as pessoas executem bem o que precisam realizar.
  • Controle informações sensíveis e promova a proteção dos dados: já que esses poderão ser acessados de qualquer local.
  • Faça a gestão do fluxo de trabalho e não de pessoas: se o líder criou visão, definiu estratégias, fez acordos com prazos e resultados claros, ele deve concentrar-se em verificar se o fluxo do trabalho está funcionando bem. Pessoas adultas, maduras e com talento irão entregar. Certifique-se que elas têm tudo o que precisam e dê autonomia.
  • Teste, erre, avalie, aprenda e melhore: não temos certeza do futuro. Estamos vivendo um mundo novo. Para isso, é preciso desaprender e permitir-se testar. Com cada aprendizado e experiências, vêm as melhorias para os processos.

5- Conheça e acompanhe de perto sua equipe

No trabalho híbrido, será exigido que o líder faça a checagem para saber se toda a equipe tem o entendimento necessário para cumprir os objetivos. Além disso, Tatiana alerta para a necessidade de saber qual é o perfil de cada liderado.

“Existem pessoas que vão produzir mais no escritório, outras em qualquer lugar. É preciso conhecer cada membro da equipe e entender o que funciona para cada um, quais são as dificuldades e facilidades, para garantir que todos estejam bem e entregando os resultados esperados”, destaca ela.

Também será importante avaliar e entender quais atividades são melhores de serem executadas no presencial e se existe essa necessidade. Nesse processo, Tatiana recomenda que os líderes estejam atentos até mesmo para uma possível perda de colaboradores, se a empresa definir que o trabalho presencial em alguns dias da semana será uma exigência, por exemplo.

“Com a pandemia, algumas pessoas já declararam que não voltarão para o presencial, após entenderem que o modelo remoto funciona muito bem. E com o mercado do mundo aberto para isso, o colaborador pode procurar outras oportunidades”, afirma.

Ademais, periodicamente, o gestor deve analisar se os acordos estão sendo cumpridos. “Sem burocracia ou microgerenciamento. Tenha ferramentas de gestão que permitam esse acompanhamento. Aqui, a mudança de cultura da empresa e liderança é fundamental, olhando para a entrega de valor e não para a parte visível do esforço de horas trabalhadas”, explica.

Para além da produtividade, o gestor também deve se inteirar da saúde emocional dos membros do time. “Se o líder está perto do seu colaborador, seja à distância ou presencial, precisa observar as emoções da sua equipe e como isso está refletindo em seus resultados. O contexto atual do nosso mundo está gerando muita ansiedade e medo nas pessoas. Ele tem que estar atento a sinais de irritabilidade, baixa de energia, desmotivação e entender como o ambiente, o seu comportamento e o seu apoio podem ajudar o liderado a passar melhor por essas emoções”, alerta.

6- Gere confiança e seja eficaz

O líder eficaz é aquele que influencia e desperta em seu time a vontade de ser melhor em tudo o que fazem, como pessoas e profissionais. “Para isso, precisa gerar confiança e a crença de que seus liderados podem contar com ele. Ser congruente com o que faz e com o que fala. Ele é exemplo, ensinando o que sabe e aprendendo o que não sabe, ouvindo as pessoas e co-criando com elas os resultados que tanto querem”, exemplifica.

A partir dessa liderança, a visão com propósito se sobressai e a vulnerabilidade abre espaço para a admiração. “O líder eficaz tira a capa de super-herói e mostra suas feridas também, quando isso for necessário. Nesses momentos, os liderados o enxergam como um ser humano, que tem acertos, erros, medos, vitórias, cansaço, vontades e que está no campo com eles jogando e mostrando a direção. Isso gera empatia e conexão”, afirma.

Os erros fazem parte do processo de aprendizagem e evolução e, para isso, a gestão deve permitir a experimentação. “O gestor deve ouvir tanto liderados quanto clientes, entendendo aquilo que é o mais importante para resolver suas dores”, aconselha.

Finalmente, nessa jornada de aprendizado, o líder eficaz é aquele que gera resultados para todos. “Ganham empresa, clientes, liderados e ambiente. Ele sabe aproveitar a jornada, tornando todos muito mais fortes, resilientes, sábios e preparados para novos desafios”, reflete Tatiana.

7- Use a tecnologia a seu favor

Tatiana propõe três pontos fundamentais nas quais a tecnologia se torna aliada da liderança durante o processo de trabalho híbrido:

  • Transparência da informação: dados relevantes devem estar disponíveis para que todos acessem com segurança.
  • Colaboração: a automação, com ferramentas de gestão, ajuda a ter visibilidade do fluxo de trabalho, dos objetivos e do andamento dos projetos.
  • Agilidade: se a informação está disponível, há interação constante e colaboração entre os times e ganho de facilidade na tomada de decisões. “Em um mundo onde tudo muda o tempo todo, é importante termos informações sólidas, objetivas e consistentes que nos ajudam a direcionar ações”, declara Tatiana.

Bônus: Qual o papel do RH no trabalho híbrido?

Segundo a especialista, o RH é indispensável para ajudar líderes e liderados a encarar melhor os desafios do trabalho híbrido. “A área deve estabelecer um compromisso de construção juntamente com a liderança, ajudando-os a identificar melhor como lidar com cada colaborador, oferecendo informações e ferramentas que ajudem todos a se desenvolverem, seja em conhecimentos técnicos, seja em comportamentos”.

Para Tatiana, o olhar para as pessoas é fundamental e o RH deve ser o promotor dessa cultura. “O setor ajuda a empresa e a liderança a colocar as pessoas certas nos locais corretos, pensando na estratégia da companhia e atuando como parceiro em um crescimento muito mais sustentável. Além disso, é preciso ajudar cada um a se fortalecer na sua autenticidade, liberando e formando talentos. E ele não faz sozinho, faz com a liderança que, por sua vez, leva isso também para as equipes”, esclarece.

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Gerciane de Almeida Borges Matos

Gerciane de Almeida Borges Matos

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