A noção de que home office deve crescer como modelo de trabalho entre as empresas que buscam melhorar a atração de talentos de novas gerações não é exatamente nova. No entanto, o surto mundial de covid-19 transformou o que até alguns dias ainda era visto como uma tendência do mercado em uma urgente questão de segurança.
De acordo com os últimos dados consolidados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2012 a 2018, o percentual de pessoas trabalhando de suas residências saltou de 3,7% para 5,2%.
Contudo, diante da pandemia, a aglomeração de pessoas em locais fechados, como acontece na maioria das corporações, se tornou uma ameaça eminente aos colaboradores. Por isso, a visão acerca do modelo de trabalho remoto mudou de forma repentina, o que tende a elevar esses números consideravelmente.
Para Carlos Piazza, Fundador da CPC, o teletrabalho não pode mais ser encarado como simples questão de opção. “Antes visto com resistência na última década, o home office agora é o novo normal”, ressalta.
Segundo o especialista, o momento é ideal para essa mudança de comportamento, mas o surto deve atuar como uma virada de chave brusca. “Pandemias são crises, que por sua vez são uma perturbação no sistema de regulação. Portanto, mexem com absolutamente tudo. Apenas há de se considerar que temos a primeira pandemia da história com a presença da internet e um desenvolvimento maior de tecnologias”, avalia acerca da possibilidade inédita de pessoas serem presenças apenas digitais em seus trabalhos.
O passado contra o home office
Como explica o consultor, grande parte das organizações, gestores e profissionais se apegaram até aqui a experiências passadas para se colocarem na contramão do modelo de trabalho remoto e de outras transformações amparadas em novas tecnologias.
Para essas organizações, Carlos Piazza explica que a crise deve servir como uma força obrigatória de evolução. “Não há por que esperar crises para avançar. Tudo poderia ter sido feito sem elas, mas o mindset digital não tem espelho na necessidade imediata e as empresas criam roteiros infinitos da iteração. Ao mesmo tempo em que não pensam no futuro, elas focam no presente, usando o passado como argumento para não mudar. Quando chega uma crise, ela empurra todos em tempo recorde para o abismo. No abismo, veem que nem era tão complicado assim agir”, pontua.
Nesse contexto, o especialista afirma que as companhias que são capazes de perceber a tecnologia como aliada no crescimento do negócio devem passar por esse período de forma menos turbulenta. “Tecnologias são commodities. Tem-se hoje no mundo abundância em tipos diferentes de soluções para trabalho e elas são simples de obter. Empresas que investem mais conseguiram ver valor nos novos formatos”, completa.
O RH e a saúde evolutiva da empresa
Nesse momento de transição, o papel da gestão de pessoas torna-se ainda mais acentuado na mediação de comportamentos. Como explica o especialista, cabe à área lidar com os receios tanto dos funcionários como dos líderes.
“O RH acelera estas visões, equilibrando os dois agentes desta nova fase. Os colaboradores, que detestavam a ideia de home office porque ficavam longe de seus gestores, acreditando que seriam esquecidos na possibilidade de uma promoção. Um efeito do mundo altamente competitivo. Do mesmo jeito, os gestores, que odiavam a ideia do teletrabalho porque ficariam potencialmente longe de seus liderados, o que enfraquece o estilo de liderança preferido em sistemas produtivos que é o comando/controle”, avalia Carlos Piazza.
Na visão do especialista, não há dúvida de que uma crise como a atual intensifique não apenas a adoção do modelo de trabalho remoto, mas todas as tecnologias, promovendo saltos enormes de desenvolvimento.
“A crise acontece em escala crescente exponencial, agindo extremamente rápido sobre os sistemas que demoraram anos para se consolidarem. Com isso, a transformação digital passa a ser o ponto focal, uma vez que a tecnologia é a única coisa que se tem para manter pessoas conectadas quando seus corpos estão ausentes”, destaca.
Ainda assim, Carlos Piazza reforça que o investimento em home office ou em qualquer outra ferramenta deve ser feito em favor do capital humano envolvido e não pelo simples viés de avanço tecnológico. “Falar de transformação digital não é falar de tecnologias, mas sim de pessoas. Deve-se pensar nos indivíduos que através das ferramentas alteram a sociedade e, portanto, as economias que delas dependem”, completa.
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