Quiet ambition: descubra o que é e o papel do RH diante dessa tendência

Neste artigo, você aprenderá 7 estratégias que podem ser utilizadas pelo departamento diante desse novo panorama

A quiet ambition é um conceito emergente que tem ganhado destaque no Brasil à medida que a geração Z adentra o ambiente corporativo. Essa tendência reflete um interesse ampliado em questões pessoais, relegando a segundo plano os objetivos profissionais.

Profissionais da área de RH têm discutido bastante sobre esse assunto, uma vez se mostram preocupados com os possíveis impactos nas estratégias de sucessão das empresas. Contudo, é necessário realmente alarmar-se? Neste artigo, detalhamos essa nova tendência e oferecemos dicas para se adaptar e superar esse desafio. Acompanhe!

O que é quiet ambition?

Quiet ambition (ambição tranquila, em tradução livre) refere-se a uma abordagem mais introspectiva e menos ostensiva em relação às metas e aspirações pessoais e profissionais.

Ao contrário da busca agressiva por sucesso, reconhecimento e avanço na carreira que caracteriza a ambição tradicional, a quiet ambition envolve a definição de objetivos de forma mais discreta.

Com isso, o foco é no crescimento pessoal, na satisfação no trabalho e no equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Essa abordagem tem sido particularmente associada à geração ZA, que prioriza a autenticidade, a saúde mental e a realização pessoal, redefinindo o conceito de sucesso em termos mais holísticos e sustentáveis.

Indivíduos focados nessa tendência valorizam o progresso contínuo em suas carreiras, mas sem sacrificar outros aspectos importantes da vida, como relacionamentos, hobbies e bem-estar mental e físico.

Eles tendem a evitar a competição desenfreada, preferindo colaborar e contribuir para o sucesso coletivo. Prova disso é que, nos Estados Unidos, 50% da força de trabalho declara fazer um esforço mínimo, de acordo com dados da Gallup de 2022.

Como essa tendência surgiu?

A tendência da quiet ambition surgiu como uma resposta às mudanças sociais, culturais e econômicas observadas nas últimas décadas, especialmente com a chegada da geração Z ao mercado de trabalho. Vários fatores contribuíram para o surgimento dessa tendência, tais como:

Mudança nos valores da geração Z

Diferente das gerações anteriores, a geração Z, que começou a entrar no mercado de trabalho na última década, tem demonstrado uma forte inclinação para valores como autenticidade, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, sustentabilidade e saúde mental.

Eles buscam significado e propósito em suas carreiras, além de um ambiente de trabalho que respeite suas necessidades individuais.

Conscientização sobre saúde mental

Há uma crescente conscientização e abertura sobre questões de saúde mental, com mais pessoas reconhecendo a importância do bem-estar psicológico.

Isso influenciou muitos a reavaliar suas prioridades de vida e carreira, buscando menos estresse e mais satisfação no trabalho.

Tecnologia e redes sociais

A tecnologia e as redes sociais transformaram a maneira como vivemos e trabalhamos, possibilitando maior flexibilidade e oportunidades de trabalho remoto.

Ao mesmo tempo, a constante exposição às vidas “perfeitas” nas redes sociais pode ter levado alguns a questionar a busca incessante por sucesso tradicional, voltando-se para objetivos mais autênticos e pessoalmente significativos.

Economia e incertezas do mercado de trabalho

As incertezas econômicas, incluindo recessões, a gig economy (economia de bicos) e a automação, afetaram as perspectivas de carreira, especialmente para os mais jovens.

Isso pode ter incentivado uma abordagem mais cautelosa e focada no que é verdadeiramente importante para o indivíduo, em vez de seguir cegamente a escalada corporativa.

Busca por um trabalho com propósito

Muitos na geração Z e até mesmo millenials estão procurando trabalhos que não apenas paguem as contas, mas que tenham um impacto positivo no mundo.

Isso reflete uma mudança em direção a encontrar satisfação em contribuições significativas ao invés de apenas avanços hierárquicos ou financeiros.

Em resumo, a “quiet ambition” é o resultado de uma complexa interação de fatores sociais, culturais e econômicos que levam as novas gerações a buscar uma definição de sucesso mais alinhada com seus valores pessoais e bem-estar geral, em vez de aderir estritamente aos padrões tradicionais de sucesso profissional.

Como o quiet ambition pode impactar a empresa?

A tendência do “quiet ambition” pode ter vários impactos nas empresas, tanto positivos quanto negativos, dependendo de como as organizações se adaptam e respondem a essa mudança de mentalidade. Confira alguns deles:

Impactos positivos

Maior satisfação e engajamento dos funcionários

Ao alinhar as metas da empresa com os valores pessoais dos funcionários, especialmente aqueles que com perfil quiet ambition, as organizações podem aumentar a satisfação e o engajamento dos funcionários. Isso pode levar a uma maior retenção de talentos e a uma cultura de trabalho mais positiva.

Fomento da criatividade e inovação

Indivíduos com quiet ambition frequentemente buscam significado e propósito em seu trabalho, o que pode incentivar a criatividade e a inovação. Eles podem trazer novas perspectivas e soluções para a mesa, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento da empresa.

Promoção de um ambiente de trabalho mais colaborativo

Pessoas que priorizam o bem-estar tendem a valorizar a colaboração em vez da competição. Isso pode promover um ambiente de trabalho mais cooperativo e solidário, onde o sucesso é visto como um esforço coletivo.

Adaptação a estilos de trabalho flexíveis

A valorização do equilíbrio entre vida pessoal e profissional pode levar as empresas a adotarem políticas de trabalho mais flexíveis, como horários flexíveis e trabalho remoto, o que tem sido mostrado para aumentar a produtividade e a satisfação dos funcionários.

Impactos negativos

Desafios na gestão de expectativas

Pode haver um desafio para os gestores em equilibrar as expectativas entre funcionários com quiet ambition e as demandas tradicionais de crescimento e produtividade da empresa. Isso pode requerer uma reavaliação dos indicadores de desempenho e das trajetórias de carreira.

Riscos para planos de sucessão

Se as ambições profissionais não são priorizadas, pode haver uma escassez percebida de candidatos internos dispostos a assumir cargos de liderança ou responsabilidades maiores, desafiando os planos de sucessão e desenvolvimento de liderança.

Possível conflito de valores

Pode haver um conflito entre os valores corporativos focados em crescimento e lucro e os valores individuais orientados ao propósito e bem-estar, o que leva a desalinhamentos culturais dentro da organização.

Para navegar esses impactos, as empresas terão que repensar suas estratégias de gestão, políticas de trabalho e abordagens de liderança para cultivar um ambiente que valorize tanto o sucesso empresarial quanto o bem-estar e a realização pessoal dos funcionários.

Adaptar-se a essa tendência pode não apenas ajudar a atrair e reter talentos, mas também fomentar uma cultura corporativa mais resiliente e adaptável.

7 estratégias que o RH pode adotar para lidar com a quiet ambition

Para lidar eficazmente com a tendência da quiet ambition, o RH precisa adotar estratégias adaptativas que reconheçam e valorizem as novas prioridades dos funcionários, especialmente da geração Z. Aqui estão algumas abordagens para serem consideradas:

1. Reconhecimento e validação

O primeiro passo é entender profundamente o que motiva os funcionários que valorizam a quiet ambition. Isso pode envolver conversas abertas e pesquisas para coletar feedback sobre suas expectativas e aspirações no trabalho.

2. Flexibilidade e equilíbrio entre vida pessoal e profissional

Implementar e promover políticas de trabalho flexíveis, como horários flexíveis, trabalho remoto ou híbrido, e semanas de trabalho reduzidas para apoiar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

3. Desenvolvimento de carreira personalizado

Oferecer trajetórias de carreira mais flexíveis e personalizadas que permitam aos funcionários crescer de acordo com seus interesses e forças, em vez de seguir um caminho linear pré-definido.

Além disso, é preciso fornecer oportunidades contínuas de aprendizado e desenvolvimento que estejam alinhadas com os interesses pessoais dos funcionários, além de suas funções profissionais.

4. Promoção da saúde mental e bem-estar

Criar e promover programas de bem-estar que abordem a saúde mental, física e emocional dos funcionários, como acesso a serviços de terapia, atividades de mindfulness e pausas para recuperação mental.

5. Cultura de feedback e comunicação aberta

Estabelecer uma cultura de feedback contínuo, onde os funcionários se sintam confortáveis compartilhando suas ideias, preocupações e aspirações. Isso pode incluir reuniões regulares de feedback, caixas de sugestões anônimas e sessões de escuta ativa.

6. Valorização da contribuição individual

Desenvolver sistemas de reconhecimento que valorizem as contribuições individuais, não apenas os sucessos tradicionais de vendas ou produção, mas mas tambéas melhorias de processos, inovações e contribuições para a cultura da equipe.

7. Liderança adaptativa

Oferecer treinamento e desenvolvimento para líderes e gestores sobre como liderar com empatia, promover a inclusão e gerenciar equipes diversas com diferentes tipos de ambição.

Ao abordar a tendência da quiet ambition com sensibilidade e adaptabilidade, o RH pode desempenhar um papel crucial em harmonizar as aspirações dos funcionários com os objetivos da empresa, criando um ambiente de trabalho mais inclusivo, motivador e produtivo.

Isso beneficia os funcionários em termos de satisfação e bem-estar, e ainda pode levar a resultados empresariais positivos, como maior inovação, retenção de talentos e competitividade no mercado.

Saiba mais sobre o assunto

Ao investir no desenvolvimento e capacitação dos colaboradores, alinhando suas metas individuais com os objetivos estratégicos da empresa, é possível não apenas criar equipes mais engajadas e produtivas, mas também fortalecer a cultura organizacional. Tudo isso garante um RH que sabe se agir diante das novas tendências, como o quiet ambition.

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Priscila Cruz

Priscila Cruz

Professora de Língua Portuguesa por formação, Analista de SEO por paixão. Atualmente, pós-graduada em Marketing e Growth para aprender a aliar criatividade com crescimento estratégico e acelerado. Acredito que a produção de conteúdo pela internet é o caminho para democratização do acesso ao conhecimento. Por isso, explore comigo as tendências de RH e todo o universo da gestão do capital humano!

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