Preparar a liderança do futuro é uma das prioridades da gestão de pessoas para 2019. Segundo pesquisa do Gartner, as três principais iniciativas dos líderes de RH serão desenvolver habilidades e competências críticas, fortalecer a liderança atual e futura e melhorar a experiência dos funcionários. A empresa entrevistou 843 participantes a nível global.
Esse movimento já está no radar também de alguns especialistas em recursos humanos do Brasil. Marcelo Nobrega, Diretor de Recursos Humanos do Arcos Dourados, buscou parceria com Douglas Souza, CEO da Eureca, consultoria especializada em cultura jovem, para desenvolver o HR Next Gen, um programa que tem como objetivo formar a próxima geração de RHs do país.
Marcelo reforça que as atuais metodologias de ensino e aprendizado e, em particular, voltadas para o desenvolvimento de profissionais de recursos humanos, estão ficando obsoletas. Para ele, isso prejudica o desenvolvimento de novos talentos capazes de assumir posições de liderança.
“De tempos em tempos, ocorre um movimento de substituição de RHs em posições de liderança por executivos advindos de outras áreas de atuação, como marketing e finanças, por exemplo. Eu mesmo entrei em RH em um desses momentos. Minha formação é engenharia de sistemas e atuei na área por dez anos, antes de ser convidado para uma posição de RH. Esses movimentos se dão pela percepção, real ou não, de que faltam hard skills para os profissionais dessa área. Por exemplo, orçamentação, analytics, estratégia, pragmatismo, entendimento e alinhamento com o negócio. O RH Next Gen surge para cobrir esse gap de formação”, comenta o diretor.
O que falta aos jovens?
Para Douglas, falta aos jovens RHs a percepção da importância do seu trabalho para as empresas, seja por falta de oportunidade, acesso à informação ou cultura das organizações. “Por isso, com o HR Next Gen queremos desmistificar a ideia de que RH é uma área menos importante das empresas, e, sim, ressaltar que ela é fundamental para um novo momento de mundo. O programa prevê encontros de até 8 horas, com profissionais renomados no mercado, trazendo suas visões sobre tendências do mundo corporativo, além de conteúdo das melhores escolas do país. Tudo isso em uma experiência itinerante com elevado networking. A primeira edição acontece de 7 a 18 de fevereiro, em São Paulo (SP)”, explica.
Segundo o CEO da Eureca, também são necessárias algumas transformações por parte das empresas, como melhores políticas de benefício e flexibilidade no horário de trabalho. “Todas elas são mudanças que estamos vendo cada vez mais nas organizações para, de alguma forma, tentar receber essa nova geração de líderes de maneira mais coerente com as expectativas dessa geração. Entretanto, de nada isso valerá, se a mudança principal não acontecer: a de mindset. É preciso aprender a reaprender e deixar de lado conceitos retrógrados que impedem as companhias de acessar o potencial de seus profissionais e seus negócios”, completa Douglas.
Para Marcelo, também falta à maioria das pessoas que almejam uma posição de liderança a sincera vontade de servir à equipe. “Ser líder é a oportunidade e, ao mesmo tempo, a responsabilidade de colaborar com o crescimento de pessoas, da organização e da sociedade. Um líder deve ter uma visão mais ampla do que apenas a sua área de atuação. Deve contribuir para o negócio e interagir com as demais áreas da empresa. Em especial, o RH deve garantir que a organização tenha foco no pipeline de talentos”, reforça.
Liderança de dentro para fora
Como os jovens podem se preparar para posições de liderança? Marcelo reforça que é importante assumir responsabilidades de liderança fora do trabalho para desenvolver essa musculatura. “Há oportunidades no nosso dia a dia que não percebemos. Há situações na família, com os amigos, na escola, no condomínio, no bairro, na igreja ou no clube que podem ser utilizadas para aprendizado de uma ampla gama de skills, dentre eles a liderança”, comenta o diretor.
Para o CEO da Eureca, outro ponto importante é que atuais líderes e jovens talentos estejam abertos à troca. “Existe muito conhecimento que os jovens talentos podem aprender com as pessoas que estão há mais tempo dentro da empresa, principalmente, atributos culturais que, por serem intangíveis, se transmitem de maneira mais forte por meio dessas relações. A recíproca também é verdadeira. Enxergar os problemas atuais pelas mentes daqueles que os criaram não é o caminho mais inteligente e fácil para resolvê-los. Por isso, atuais líderes que dão espaço de fala para os jovens talentos criticarem e sugerirem novas ideias para os desafios da organização possuem grandes chances de se surpreenderem positivamente com os inputs que essa geração pode trazer. No fim, humildade e escuta ativa de ambos os lados é o caminho”, completa.
Douglas destaca ainda que a tecnologia é um atributo fundamental em todo esse processo de formação da liderança do futuro. “A capacidade de escala e a abundância que as novas tecnologias trazem para o mundo dos negócios é algo imprescindível para qualquer empresa. Ao mesmo tempo, tecnologia por puramente tecnologia não resolverá todos os nossos desafios. É importante lembrar que muitos dos processos de RH podem ser alavancados por novas tecnologias, mas, alguns, ainda serão essencialmente humanos”, finaliza.
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