2018 está trazendo mais otimismo aos CEOs e demais executivos C-Level com relação ao mercado econômico. Os dados são do estudo global C-Suite Challenge 2018, realizado pela The Conference Board, companhia americana especializada em pesquisas. Com a economia se reaquecendo, volta um velho problema das empresas: atração de talentos para TI.
De acordo com o C-Suite Challenge, a atração e a retenção de talentos continuam sendo as principais preocupações entre os mais de mil líderes participantes do estudo. Segundo Paulo Exel, Diretor da Yoctoo, consultoria de recrutamento e seleção especializada em TI, em geral, existe uma grande lacuna nas posições relacionadas à área de tecnologia. “Isso acontece por conta da baixa qualidade do ensino superior em nosso país. As empresas hoje demandam habilidades técnicas e comportamentais que infelizmente não são abordadas dentro de uma grade acadêmica”, explica ele.
Para Paulo, a raiz dos maiores desafios ao contratar um profissional de TI pode ser dividida em 4 pilares, são eles:
- Entendimento real da estratégia de negócio e dos objetivos a serem alcançados, bem como da definição do tipo de habilidades necessárias em determinada função de forma a contribuir com um objetivo comum;
- Experiência do candidato durante o processo de seleção;
- Integração;
- Acompanhamento.
Como o RH pode ajudar?
Nesse cenário, o RH tem muito a contribuir se trabalhar em parceria com a área de TI. Paulo reforça que, se a quantidade de mão de obra qualificada disponível no mercado não preenche as vagas em aberto, encontrar esses profissionais passa a ser um desafio grande para o RH. “É preciso, além do conhecimento técnico, um vasto networking com o mercado e um excelente relacionamento com os profissionais que estão empregados. Na maioria das vezes, as cadeiras são preenchidas por pessoas que já estão trabalhando na área”, comenta o diretor da Yoctoo.
De acordo com Felipe Duarte, Consultor da People Oriented, empresa especializada na busca e avaliação de executivos, ao atrair os melhores talentos, o RH precisa compreender que os profissionais de tecnologia buscam mais do que somente um cargo e uma boa remuneração. “Eles querem se sentir parte do negócio, querem contribuir, ouvir e serem ouvidos e ter autonomia para ajudar a aumentar o desempenho da companhia”, pontua.
Felipe reforça ainda que muitas empresas estão vivenciando a revolução digital, adequando sua cultura e modelo de negócio a essa nova fase da sociedade. Diante disso, ele defende que o RH é muito importante na atração do perfil certo para essa área. “Por ser um processo de transformação do negócio, das relações humanas e da mudança da cultura tradicional para uma cultura ágil, o RH tem papel fundamental na transição dessas culturas, no desenvolvimento humano e no alinhamento dos anseios dos colaboradores aos objetivos da companhia”, completa o consultor.
Líderes que inspiram
O diretor da Yoctoo destaca que, assim como o RH precisa conhecer as estratégias das áreas de negócio e atuar de forma a entender as expectativas dos requisitantes, os líderes de TI também precisam saber traduzir as necessidades técnicas desejadas e o tipo de comportamento esperado em uma determinada função, assim como deve inspirar os novos colaboradores. “O papel do líder de TI é fundamental durante o processo de recrutamento. Vamos partir do princípio de que um bom candidato também está criando critérios para sua tomada de decisão e, certamente, a afinidade e, principalmente, a admiração por um líder têm um peso importante nesse momento”, ressalta Paulo.
Já o consultor da People Oriented pontua que os profissionais de tecnologia buscam empresas que proporcionem a autonomia para a tomada de decisão, o estímulo à inovação e a cultura de igualdade de gênero, crenças e raças. “Pessoas são motivadas por desafios. Estimule-as e elas serão fiéis à sua empresa. Não pela carreira, mas pelo propósito”, reforça Felipe.
O perfil do novo talento de TI
O que motiva esse novo perfil de profissional? Para Paulo, esses candidatos querem ser conduzidos e inspirados por pessoas que admiram. “Eles avaliam se estão evoluindo na carreira ou não, o quanto a empresa está disposta a apostar e investir neles, assim como, se existe um plano de carreira dentro da organização”, complementa ele.
Felipe Duarte concorda com o diretor da Yoctoo e enfatiza ainda que cada vez mais o colaborador quer estar próximo do negócio, participando da estratégia da companhia e trazendo valor para a empresa. “Os profissionais também têm novos objetivos de carreira, não somente de ascensão na hierarquia e ganhos financeiros. Outro ponto nitidamente valorizado é o propósito da carreira comparado ao da posição. Ou seja, o legado que a empresa e sua posição deixará não somente para a companhia, mas para a sociedade”, destaca.
Além disso, o nível de exigência dos profissionais em relação às empresas será cada vez maior na atração de talentos para TI. Principalmente, na relação entre empresa e empregador, conforme comenta o diretor da Yoctoo. “Horários engessados, regras muito rígidas de trabalho, políticas empresariais muito burocráticas são fatores que afastam o interesse do profissional em se manter na empresa. Quando o assunto é flexibilidade, medir o trabalho pelo resultado e pela qualidade do que é entregue é muito mais cativante do que a quantidade de horas trabalhadas. Uma gestão voltada para pessoas e uma cultura empresarial maleável são outros fatores importantes para esses talentos”, conclui Paulo.
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