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Longevidade: o profissional do futuro tem muita experiência

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Com envelhecimento da população brasileira avançando rapidamente, palestrante do CONARH ressalta a importância da formação de equipes intergeracionais

Se por um lado as empresas precisam se adequar para receber os profissionais oriundos da Geração Z, por outro, a longevidade da população brasileira e mundial demanda que essas organizações entendam que o desafio é maior do que uma atualização do quadro, como sugere Mórris Litvak, palestrante da 45ª edição do Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas (CONARH).

Mórris Litvak, fundador e CEO da plataforma Maturijobs

Enquanto economias desenvolvidas como Estados Unidos e Reino Unido veem o grupo com profissionais acima de 55 anos de idade se tornar o mais numeroso do mercado, como alerta o último Global Human Capital Trends, a expectativa é que, no Brasil, as pessoas com mais de 45 sejam 57% da população em idade ativa, de acordo com o último levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).

Para Mórris, fundador e CEO da plataforma Maturijobs, dedicada a conectar profissionais acima de 50 anos a empresas que buscam experiência e comprometimento, é hora de perceber o valor desses colaboradores: “entendendo que, com automação, as soft skills vão ser cada vez mais demandadas; e essas pessoas com mais bagagem têm isso de sobra”, afirma.

Longevidade é a chave

Enquanto avanços científicos têm garantido vidas mais longas aos indivíduos, as empresas que buscam longevidade precisam recorrer a esses profissionais com experiência de mercado para alcançar seus objetivos futuros.

É o que explica Mórris. “Nosso conselho é que a organização olhe para a questão geracional etária entendendo a importância social estratégica desse assunto. A população está envelhecendo rapidamente, há muitos profissionais de 50 anos ou mais precisando de trabalho, cheios de experiência, com alto grau de comprometimento. Por outro lado, as empresas podem se beneficiar muito dessa diversidade etária. Ela traz um equilíbrio para o que os jovens têm: habilidades muito boas, mas que às vezes carecem de experiência de vida”.

Para isso, o palestrante, que toma o palco do São Paulo Expo no dia 14 de agosto com o tema “A Revolução da Longevidade já começou”, ressalta que as empresas precisam trazer o debate acerca do preconceito social para dentro de seu ambiente.

Privilegiar a mão de obra sob um padrão de idade pode parecer natural diante da busca por profissionais com novas habilidades, entretanto, Mórris Litvak avalia que rever essa posição tende a trazer ganhos em diversos aspectos para as organizações. “É preciso entender que isso deve ser olhado realmente de forma mais séria em relação ao preconceito e que a diversidade etária tem que ser tratada com a mesma importância das outras, que já vêm sendo debatidas há mais tempo. As empresas vão perceber que além de fazer um trabalho social, elas têm muito a se beneficiarem”, afirma.

Por que contratar um profissional acima dos 50 anos?

Empreendedor desde os 15 anos, Mórris resolveu se dedicar ao objetivo de criar uma ponte entre profissionais longevos e organizações depois de um trabalho voluntário que o colocou em contato com as histórias e habilidades de moradores de uma instituição de longa permanência para idosos.

Essa vivência foi o ponto de partida para a percepção de que aqueles ex-trabalhadores podiam ajudar organizações a resolver demandas que os jovens, por mais inovadores que fossem, não seriam capazes de atender justamente pela falta de vivência. “Vemos que muitas empresas já enxergam a questão da diversidade, o que é importante também por se tratar de um tema novo, mas outras já veem de forma mais prática, pensando em como é possível equilibrar uma pauta de habilidades que os jovens não têm com esse pessoal mais maduro”, avalia.

O palestrante salienta que as vantagens de integrar profissionais com mais de 50 anos ao quadro profissional de uma empresa vão além da capacidade que eles adquiriram com os anos no mercado e do comprometimento. “Temos vários casos de empresas grandes que têm contratado através da Maturijobs e, com isso, diminuíram turnover e absenteísmo”, exemplifica.

Ele explica que as empresas também têm recorrido a esses trabalhadores para ocupar posições que naturalmente carecem de maior experiência. “Principalmente vendas e atendimento ao cliente, em que é preciso realmente ter um cuidado especial para lidar com pessoas, trazer credibilidade, ter jogo de cintura, mais atenção e paciência. O mesmo para cargos de gestão, que muitas vezes faltam nas empresas pequenas e startups que começam a crescer e precisam de pessoas com mais experiência”, pontua.

Como integrar esses profissionais?

Embora acredite que a abertura para trabalhadores mais maduros seja um tema do futuro já bastante relevante no presente, Mórris Litvak admite que ainda há um longo caminho a ser percorrido. “A Maturijobs tem hoje 90 mil profissionais cadastrados no Brasil inteiro, todas pessoas de mais de 50 anos idade. Nesses três anos de plataforma on-line, a gente conseguiu recolocar somente 1% disso, ou seja, 900 pessoas”, revela.

Para mudar esse quadro, o palestrante garante ter casos de sucesso que são capazes de quebrar paradigmas em relação à questão etária, algo que pretende apresentar aos participantes da 45ª edição do CONARH.

Já sobre o processo de contratação e integração desses funcionários ao quadro, Mórris insiste na importância de se debater o assunto. “É preciso fazer de uma forma sustentável e, para isso, o diálogo intergeracional é fundamental. Deve existir uma troca entre os mais velhos e os mais jovens, gerando um intercâmbio muito rico com benefícios para a própria empresa”, ressalta.

Enquanto a organização tende a ganhar com a aposta na longevidade do quadro profissional, segundo o CEO da Maturijobs, esses trabalhadores têm foco principalmente na garantia de seu bem-estar físico. “O benefício que aparece em primeiro lugar é o plano de saúde, algo muito caro nessa faixa etária e muito difícil de custear sozinho quando a pessoa está fora do mercado”, aponta.

Contudo, ele explica que, por não querer ficar para trás nesse novo universo profissional, os trabalhadores com mais de 50 anos também almejam oportunidades de participar de programas de desenvolvimento. “Eles querem fazer parte de tudo que a empresa oferece”, conta.
Como os 50+ podem ser atrativos?

Ainda que seu foco na 45ª edição do CONARH, que tem como tema em 2019 a humanização dos Recursos Humanos e das relações de trabalho, seja chamar atenção para a presença da longevidade no mercado, Mórris avalia também os fatores que levam o profissional 50+ a manter-se atrativo para as organizações.

CONARH-Longevidade

Para ele, um ponto crucial é ser capaz de provar que a visão daqueles mais maduros como naturalmente desatualizados ou estagnados está equivocada. “Se manter atualizado é fundamental em qualquer fase da vida, especialmente quando você passa dos 50. É preciso olhar para isso porque em algum momento você vai sair do mundo corporativo e não vai parar de trabalhar, mas talvez não queira ou não consiga se manter no mesmo tipo de trabalho”, alerta.

Nesse sentido, a interação e integração entre jovens e colaboradores maduros também traz ganhos para os funcionários, em especial para os que pretendem acompanhar o ritmo do mercado mesmo com a longevidade. “Muitas vezes, as pessoas se acomodam nas suas funções e acham que já sabem tudo porque já têm bastante experiência. Então, além de se atualizar, é importante buscar treinamentos, conteúdo, fazer parte de eventos, perseguir conhecimentos diferentes dos que já têm. Manter contato com os jovens, sempre trocando informações, fazer networking, enfim, é fundamental. Eu diria que é sair da zona de conforto mesmo”, aconselha.

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Naiara Lima

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