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Os maiores desafios das PMEs no Brasil

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Confira os principais obstáculos para as Pequenas e Médias Empresas no país indicados por Carlos Melles, Presidente do Sebrae

O desejo de se manter competitivo no mercado faz parte dos objetivos de qualquer empresário. Essa tarefa é ainda mais trabalhosa às Pequenas e Médias Empresas (PMEs), grupo que ainda está em busca das adequações necessárias para atender às exigências tributárias, trabalhistas, sanitárias e de posicionamento no mercado. Então, afinal, quais são os principais desafios das PMEs atualmente?

De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), cerca de metade da força de trabalho no país está localizada nas pequenas empresas, totalizando 44,8% dos empregados formais. Para as PMEs, esse cenário até transmite confiança, porém as dificuldades não são poucas para as companhias que desejam crescer no Brasil.

Segundo Carlos Melles, Presidente do Sebrae, para expandir os empreendimentos, é preciso pensar em inovação. Ele também aponta que, em geral, “os donos de pequenos negócios acabam enfrentando alguns obstáculos que podem ser bastante difíceis de transpor, como a falta de qualificação deles próprios e da equipe, a dificuldade de acesso a crédito para investir em pesquisa e desenvolvimento, pouco conhecimento do cliente e da concorrência e o pouco preparo para gestão”, explica. 

O que fazem as PMEs que foram destaque em crescimento?

A última edição do relatório “As PMEs que Mais Crescem no Brasil”, publicada em 2019 pela Deloitte em parceria com a revista EXAME, elencou as 100 empresas que mais cresceram nos últimos três anos. 

Com base nesse estudo, fica evidente as diferenças entre as companhias que mais cresceram e aquelas que ainda são emergentes. O relatório deixa claro que o sucesso de desempenho é consequência da combinação de diversas estratégias focadas em:

  • Crescimento;
  • Inovação;
  • Eficiência;
  • Talentos.

Quais são os maiores desafios das PMEs?

Enfrentando a competição com os novos negócios e com as empresas já consolidadas, as PMEs ainda precisam lidar com:

  • Os desafios de gestão de pessoas;
  • Alta carga tributária;
  • Acesso restrito ao crédito;
  • Dificuldades na gestão financeira. 

Para Carlos, além desses problemas, a maioria dos donos de pequenas empresas do país não se qualificam antes de abrir o próprio negócio e acabam cometendo erros evitáveis, mas que podem custar o crescimento da organização. 

Para apoiar na identificação desses erros, o Presidente do Sebrae elencou 3 pontos de atenção em que as PMEs devem trabalhar. Confira:

1 – Modernização da gestão de pessoas

O estudo da Deloitte apontou que a otimização de processos e a realização de melhorias no atendimento foram um dos principais diferenciais para que as PMEs que figuraram no ranking agregassem ainda mais valor ao seu negócio nos últimos anos. 

Em tempos de crise, os pequenos negócios precisam elevar ao máximo seu nível de eficiência na área de gestão de pessoas.  

O desafio aumentou durante a pandemia

Ainda assim, a falta de investimento dificulta a aplicabilidade de ferramentas tecnológicas em processos, de forma a modernizar as estratégias de atração e retenção de talentos. A escassez de recursos financeiros também impede a realização de treinamentos para desenvolvimento dos colaboradores.

De acordo com Carlos, uma série de pesquisas realizadas pelo Sebrae desde o início da pandemia de covid-19, mostrou que cerca de 70% dos empreendedores ainda enfrentam a perda de faturamento, com uma queda média de 39%, em novembro de 2020. 

“Nesse contexto, as empresas precisam otimizar ao máximo sua operação, reduzindo os custos e aumentando as vendas. Mais uma vez, é importante pensar na qualificação da gestão e no desenvolvimento de inovação. E ter em mente que essas são ações que não necessariamente exigem grandes investimentos financeiros”, destaca o profissional.  

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2 – Retenção de talentos

A pesquisa “As PMEs que mais crescem no Brasil” aponta que 75% das empresas entrevistadas têm o investimento em talentos como a maior prioridade para os próximos anos. Além disso, 65% delas também enxergam a retenção de bons profissionais como uma das principais ações para a manutenção do crescimento até o ano de 2022.

Resultados “encomendados” podem ser vilões

Segundo o Presidente do Sebrae, a retenção de talentos ainda é um grande desafio para as PMEs. “Principalmente porque os gestores continuam utilizando um sistema de motivação da equipe baseado na lógica da punição e recompensa. Fatores como salários, benefícios, chefia e condições de trabalho são precários e trazem insatisfação”, explica. 

Para ele, no modelo “se, então” (se alcançar tal resultado, então recebe o prêmio) as pessoas tendem a se empenhar por estímulos e só trabalham até o ponto em que a recompensa é acionada. “Quanto maior a recompensa, maior o risco de transformar uma tarefa interessante em obrigação. Resultados ‘encomendados’ inibem soluções inovadoras”, ressalta. 

Com isso, ao ser recompensado, a tendência do colaborador é só produzir resultados se recebê-la novamente. Além de que as recompensas por metas podem resultar em conflitos na equipe. 

No novo modelo de gestão de pessoas, os ganhos financeiros são desejados, mas os principais fatores de motivação são a liberdade, o desafio e a iniciativa no trabalho. 

Para Carlos, o desejo de se tornar melhor estimula o empregado a atingir objetivos desafiadores, mas alcançados pelo seu esforço. “O propósito é criar condições para que as pessoas procurem sentido no que fazem e descubram propósitos individuais”, evidencia.  

3 – Transformação tecnológica

Um levantamento do Capterra mostrou que, das empresas entrevistadas, 25% afirmaram que promover a transformação digital é um dos três principais desafios das PMEs. Além disso, 98% das que já iniciaram o processo consideram que deveriam investir mais em recursos tecnológicos, contudo, a limitação de orçamento ainda é o maior obstáculo. 

Diante disso, Carlos informa que uma das principais missões do Sebrae ao longo da sua história tem sido mudar um conceito bastante arraigado entre os empresários, de que a inovação é algo caro e inacessível aos pequenos negócios. “Durante a pandemia, milhares de empreendedores deram prova disso”, expõe. 

De acordo com uma pesquisa feita pelo Sebrae e Fundação Getúlio Vargas, até novembro de 2020, 4 em cada 10 empresas já haviam lançado algum novo produto ou serviço desde o início da crise do coronavírus. 

A mesma pesquisa revelou também que 70% dos pequenos negócios implementaram a digitalização na divulgação ou comercialização dos seus produtos. O Presidente informa que isso significa, muitas vezes, “o uso de uma ferramenta simples e de fácil acesso, como o WhatsApp”, conclui. 

Necessidade de investir em desenvolvimento 

Segundo a pesquisa da Deloitte em parceria com a revista EXAME, o investimento em novas tecnologias é realizado por 78% das PMEs com mais destaque no relatório. Isso significa que o crescimento por meio do uso de ferramentas tecnológicas possibilita que as empresas fiquem à frente dos concorrentes que ainda não modernizaram os seus processos internos.   

Além disso, Carlos Melles acrescenta que, “com qualificação, o empresário pode desenvolver soluções dentro da própria empresa e com baixo custo”, reforça. 

Para ele, o primeiro passo para superar os desafios enfrentados pelas PMEs, seria o empresário investir em seu próprio desenvolvimento e no de sua equipe. “Muitas vezes, a solução para a melhoria do desempenho da empresa pode estar em pequenos ajustes internos”, finaliza. 

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Publicada em 9 de fevereiro de 2021 e atualizada em 24 de agosto de 2021.

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Ícaro Sena

Ícaro Sena é formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Possui experiência nas áreas comercial e de tecnologia e já atuou em empresas como Ambev, Champion e Fazen. Na LG lugar de gente desde 2019, já foi Diretor de Sucesso do Cliente, assumindo, posteriormente, a Diretoria de Serviços e agora, em 2023, a Vice-Presidência de Operações da companhia.

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