No cenário atual, marcado por uma instabilidade crescente, tecnologias emergentes têm o poder de rapidamente descontinuar modelos de negócios estabelecidos. Nesse contexto, inovar e decidir eficazmente tornam-se imperativos vitais para as organizações. Mas como efetivamente criar um ambiente propício para isso?
É essencial construir abordagens que integrem múltiplos talentos e dados robustos. A combinação entre tecnologia e competências humanas estabelece um terreno fértil para que variadas visões se entrelacem e prosperem.
Mas de que forma estamos utilizando esses recursos? Assim como a tecnologia deve estar alinhada com os objetivos empresariais, os talentos devem ser capazes de navegar por um cenário de variáveis e tomar decisões ágeis.
Arrisco dizer que não há um único perfil de profissional ideal para isso. É o espectro amplo de talentos que fortalece a organização na sua capacidade de inovar e se adaptar.
Recentemente, tive uma troca enriquecedora com Jorge Feliciano, executivo com mais de 30 anos de experiência em gestão de pessoas. Falamos das formas de diversidade e as oportunidades que cada uma traz. Em resumo:
- Diversidade demográfica: relacionada às nossas características, aquelas informações que nos classificam, como gênero, raça, idade, orientação sexual;
- Diversidade experiencial: definidas pelas nossas afinidades, hobbies e habilidades. São baseadas em experiências de vida e de trabalho e moldam o nosso crescimento;
- Diversidade cognitiva: as variadas formas de perceber, interpretar e reagir aos desafios, também chamada de diversidade decisória ou diversidade de pensamentos, que trata de variações na forma como resolvemos problemas e realizamos escolhas.
Embora os primeiros dois tipos sejam amplamente discutidos e essenciais nas organizações, vejo na diversidade cognitiva um vasto território inexplorado para crescimento.
Equipes capazes de analisar problemas sob várias lentes são cruciais para desafiar o convencional e impulsionar inovação.
Desmistificando a diversidade cognitiva
De acordo com o relatório Diversity, Equity, and Inclusion Lighthouses 2023, da McKinsey, o mercado global de D&I deve atingir o investimento de US$ 15,4 bilhões, até 2026. As iniciativas de diversidade desempenham um papel fundamental na construção de negócios mais resilientes. Para serem efetivas e sustentáveis, essas estratégias precisam, segundo o relatório, de elementos como:
- Clarificação do significado de sucesso;
- Soluções desenhadas especificamente para o seu contexto organizacional;
- Rastreamento rigoroso e ajustes estratégicos conforme necessário.
Para garantir uma vantagem competitiva real e sustentável, as organizações devem não apenas adotar a diversidade cognitiva como um valor corporativo, mas também integrá-la aos objetivos de negócio.
Esse é um tema estratégico e denso. Nesse link, tem um conteúdo aprofundado sobre o assunto, que, entre outras questões, mostra como a diversidade tem espaço rentável nas companhias.
Uma das contribuições no material, é de Nassim Hueb, Diretor de Gente & Gestão na Smart Fit. Ele demonstrou como uma visão estratégica pode ser aplicada aos pilares de sustentabilidade no setor de academias.
Em vez de implementar ações amplas e genéricas, investir na formação de profissionais de educação física em início de carreira se mostrou mais benéfico. Isso porque essa ação não só qualifica pessoas, mas também melhora o serviço prestado ao cliente.
Iniciativas como a diversidade e ESG vão além do valor ético e se estabelecem como poderosas ferramentas de inovação que potencializam aspectos cruciais como tomada de decisão, criatividade e resolução de problemas complexos.
Mas a adaptação não é confortável. Jorge Feliciano tem ainda uma perspectiva realista sobre isso. Para ele, todas as formas de diversidade geram certo grau de tensão, pois o novo fere a conformidade. A solução está em conhecer os estilos já presentes na organização e balanceá-los para estabelecer metas atingíveis.
Tecnologia e Gestão de Pessoas: Forjando uma Aliança Estratégica
A adoção de uma abordagem pragmática e fundamentada em dados habilita líderes a monitorar o impacto real de suas estratégias, permitindo ajustes precisos para maximizar o retorno sobre o investimento.
Em um mundo onde sistemas obsoletos e práticas desatualizadas de RH não são mais suficientes para impulsionar a diversidade e seus benefícios, a quantificação da diversidade cognitiva apresenta desafios semelhantes.
Contudo, a análise de dados torna-se indispensável para identificar ações assertivas e áreas necessitando de melhorias. Entre as estratégias eficazes, destacam-se:
- Análise de dados de desempenho para identificar vieses em avaliações e promoções;
- Monitoramento de retenção e promoção para avaliar a eficácia das políticas de diversidade;
- Promoção de espaços para feedback dos funcionários, revelando oportunidades de desenvolvimento interno.
- Organizações que compreendem e empregam a diversidade de pensamentos posicionam-se vantajosamente para superar desafios e descobrir novas oportunidades.
Valorizar diferentes formas de pensar e abordar problemas é crucial em um ambiente de negócios cada vez mais complexo e interconectado. Sistemas de gestão precisam ser modernizados para apoiar processos de recrutamento e avaliação que celebram essa pluralidade de pensamentos e experiências.
Esta orientação baseada em dados não apenas permite que o RH ajuste suas políticas e práticas com precisão, mas também demonstra o impacto tangível dessas mudanças, propiciando um ciclo contínuo de aperfeiçoamento e inovação na gestão da diversidade cognitiva.
E você, já considerou como a diversidade cognitiva pode ser um recurso estratégico para sua visão de negócios?