Durante o mês de março, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, publicaremos uma série de entrevistas com mulheres que são grandes exemplos de liderança feminina nas empresas.
No Especial Mês da Mulher, as profissionais convidadas contam como encaram as dificuldades de ocupar altos cargos em suas companhias, mesmo com as mudanças de realidade já em curso, tornando a participação feminina ainda mais comum.
Dessa vez, nosso especial traz a história de Lívia Monteiro, Gerente Geral de Atração e Desenvolvimento da Nexa Resources, e Patrícia Pires, Diretora de RH da América Latina na PPG Industries.
Trajetória de quem chegou no topo
Lívia é formada em Relações Internacionais e Economia, trabalhou na Câmara Americana de Comércio, onde conheceu o mundo corporativo através dos associados que tinham por lá. A especialista já exerceu diversos cargos, como Planejamento Estratégico, Inteligência de Mercado e Fusões e Aquisições, Consultora Sênior, Gestão Corporativa e Business Partner de RH.
“O casamento entre o meu desejo pela nova experiência e a abertura da empresa deu muito certo e, no começo do ano, fui convidada a assumir a Gerência Geral de Atração e Desenvolvimento, dentro da diretoria de RH”, compartilha Lívia.
Patrícia é advogada de formação e começou sua carreira na área trabalhista. A profissional já atuou na Shell, Cargill, Votorantim e, atualmente, na PPG. Inclusive, foi na Shell que fez sua transição da área jurídica para a de gestão de pessoas.
“Trabalhei em grandes empresas e para conseguir chegar no nível de Diretoria de RH eu planejei. Sempre desenhei minha carreira pensando em competências e aprendizados que precisaria ter para continuar crescendo”, assegura a especialista.
Influência da crise na liderança
A liderança é uma peça fundamental para a gestão das equipes dentro das empresas, principalmente em um cenário de crise. Os líderes são responsáveis por entender as motivações de sua equipe e ajudar a melhorar o engajamento, tornando possível alcançar sucesso nos projetos.
Segundo Lívia, o isolamento social colaborou para que os líderes entrassem na casa das pessoas e fosse possível entender que não existe separação entre pessoal e profissional. “As ‘dores’ da pandemia foram coletivas e sentidas nos diferentes níveis da organização, o que aproximou gestores e liderados”, afirma.
Para ela, a flexibilidade, tão demandada pelas novas gerações, é uma soft skill que os líderes precisam possuir. Por meio dessas habilidades, os gestores podem fazer as pessoas mais felizes e, consequentemente, produtivas.
Patrícia acredita que a pandemia influenciou a forma de liderar e que os líderes tiveram que aprender a fazer a gestão muito mais na confiança do que pelo controle.
“Isso já era uma demanda antiga das empresas, mas a pandemia acelerou o processo. Hoje, não tem como ficar controlando todo mundo que está em home office, é muito mais pela entrega, pela confiança. O engajamento à distância também traz outros desafios, porque aquele cafezinho que promovia um encontro no corredor não existe mais”, declara.
Segundo a Diretora de RH da PPG Industries, as dificuldades da liderança feminina ocorrem porque a sociedade ainda vê o papel da mulher como a grande responsável pela escola e pela casa. “A pandemia acentuou isso, porque as crianças não foram mais para as escolas e muitas vezes a ajuda que a mulher tinha, de uma funcionária ou de alguém da família, acabou”, diz Patrícia.
5 conselhos para a liderança feminina
A edição de 2020 do estudo “Diversity Matters”, da consultoria McKinsey, constatou que empresas que possuem um time executivo com equidade de gênero têm 14% mais chances de superar a performance dos concorrentes.
Além disso, a pesquisa expõe que quando os colaboradores identificam uma grande igualdade entre as oportunidades para mulheres e homens, a organização tem 93% de probabilidade de obter um desempenho financeiro superior se comparado ao da concorrência.
Confira alguns conselhos da Lívia Monteiro e Patrícia Pires para conquistar o seu espaço no topo das grandes corporações.
1 – Acredite em você
Para Patrícia, o primeiro passo para a mulher crescer na carreira é a autoconfiança, se empoderar e tomar os riscos. “Sem isso, nós não vamos conseguir crescer, tenho certeza que muitas mulheres que deixam de aplicar para cargos têm mais competências do que os homens, mas por uma questão cultural acabam sentindo que precisam se provar mais ou ser ainda mais competentes”, garante.
Ela aconselha que primeiro é preciso acreditar e depois trabalhar a autoconfiança. “Existem várias formas de fazer isso. Pode começar com um processo de coaching e terapia”, assegura.
2 – Tenha inteligência emocional
Lívia afirma que é preciso saber lidar com as dificuldades que aparecem pelo caminho. Seu maior conselho é “ter persistência, porque qualquer caminho terá percalços e desafios. Se frustrar fará parte e ser flexível nesses momentos vai ser muito importante para manter a inteligência emocional”, defende.
3 – Trilhe uma busca pelo desenvolvimento
Segundo Lívia, acima de tudo é preciso aproveitar o caminho. “O foco é necessário, a trilha tem que ser traçada de alguma forma, mas se você não curtir as diferentes experiências (boas ou ruins) até chegar na posição desejada, acho que não terá valido a pena”, aponta.
Nesse viés, Patrícia também acredita ser preciso buscar o próprio desenvolvimento. “Não espere que alguém faça por você: tenha seus planos e metas. Não terceirize a sua carreira, ela é muito importante para você colocar na mão de alguém”, conclui.
4 – Não tenha medo da maternidade
Lívia tranquiliza as mulheres que desejam ter filhos. “A maternidade é um grande impulsionador na vida de uma mulher em uma organização. Traz olhares diferentes, experiências de superação e autoconhecimento que são muito ricas e aplicáveis ao nosso dia a dia no trabalho”.
A Diretora reflete, “se é possível passar por adaptação escolar de um filho, como não conseguir se adaptar a um novo chefe, por exemplo?”.
5 – Escolha organizações com base em seus valores pessoais
Outro conselho dado por Lívia é saber escolher as organizações para trabalhar com base nos valores pessoais. Isso é fundamental para que o caminho seja mais fácil e o sentimento de pertencimento sempre será mais prazeroso.
Patrícia concorda com a especialista e completa que é impossível trabalhar em uma empresa que não combina com os seus valores ou que não permita se sentir à vontade para ser quem você é.
A profissional finaliza trazendo uma visão de Marise Barroso, sua antiga CEO. “Não adianta só um movimento de mulheres no mercado de trabalho ou organizações criarem mecanismos de incluir e promovê-las. Tem que ter ao mesmo tempo um equilíbrio nos papéis dentro de casa, porque se não a mulher não dá conta”, conclui.
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