Ainda é cedo para falar em um futuro pós-crise. Mesmo assim, enquanto o mercado segue buscando formas de se adaptar aos impactos da pandemia, especialistas alertam que as mudanças causadas pela covid-19 devem ter caráter permanente ao invés de serem usadas como paliativos. Será que a sua organização está seguindo esse caminho para o futuro?
Antes mesmo de descobrir a extensão da ameaça causada pelo novo coronavírus, empresas e profissionais lidavam com os desafios do mundo VUCA e da transformação digital em curso.
Atualmente, embora o momento ainda seja de atenção plena à doença, o Vice-Presidente de Estratégia e Inovação da Cia Técnica, Cezar Taurion, ressalta a importância de tratar as mudanças impostas às empresas pela covid-19 como algo fundamental, mesmo na ausência da crise.
Segundo o especialista, os desafios atuais não têm precedentes e estão servindo tanto para testar as empresas que realmente foram além do discurso no que diz respeito à digitalização como para estimular a evolução.
Covid-19, mudanças nas empresas e tecnologia
Um dos pontos cruciais no processo de mudanças causadas pela covid-19 está na prova de valor dada pelos avanços tecnológicos disponíveis. “Se não houvesse a tecnologia digital que temos hoje, não teríamos trabalho remoto. Seria impossível termos home working. Tudo ficaria inteiramente paralisado”, reforça Cezar.
De acordo com o ex-evangelista técnico da IBM, o ser humano, mais do que nunca, está experimentando o modelo remoto com trabalho em casa, reuniões pela internet, compra de alimentos e medicamentos por aplicativos, transações bancárias eletrônicas, entre outros. “Sem a tecnologia digital, isso seria simplesmente impossível”, destaca.
Mas mais do que viabilizar as medidas para encarar a crise gerada pelo coronavírus, esses avanços tecnológicos e o uso, até certo ponto forçado para alguns, tendem a promover uma alteração permanente em comportamentos.
“As empresas vão mudar. Aquelas empresas e funcionários que eram resistentes ao trabalho remoto verão que ele não só é viável, mas também agradável, que pode melhorar a qualidade de vida, sem deslocamentos inúteis. Isso pode levar a repensar a organização em termos de processos e demanda de escritórios”, avalia Cezar.
Transformação digital colocada em prática
Por isso, o especialista reforça que o momento está testando a solidez das culturas de organizações que já haviam embarcado na transformação digital, algo que não é exatamente novo no mercado global.
De acordo com sua experiência, o Vice-Presidente de Estratégia e Inovação da Cia Técnica lembra que quando publicou um livro sobre o assunto em 2016 já percebia uma série de empresas adotando o discurso da agilidade através da tecnologia.
Contudo, parte delas também foi surpreendida pelas mudanças causadas pela covid-19. “Estamos diante de um fenômeno exponencial em um contexto VUCA. E aí vemos um monte de empresas, que se gabavam de serem digitais, ainda com processos que precisam de pessoas no escritório, com desktops nas mesas, que não têm hábito de fazer reuniões on-line, que não têm sistemas integrados e os dados e aplicativos rodam em máquinas internas, sem usar a nuvem etc.”, afirma.
Para ele, essas organizações estão experimentando dificuldades que poderiam ser mitigadas se o discurso acerca dessa evolução tecnológica fosse realmente aliado à prática.
“É o momento de repensar. Exponencialidade e mundo VUCA é isso. Falar é uma coisa, navegar dentro desse cenário é bem diferente. Agora é hora de olhar para frente e colocar em prática aquilo que se falava de transformação digital e não se fez”, explica.
A importância do RH na crise
De acordo com Cezar Taurion, o maior ativo das empresas é seu capital intelectual. Mantê-lo motivado, informado e ciente do cenário não só é essencial como seria um tanto mais difícil – se não impossível – sem a tecnologia digital.
Apesar disso, o especialista salienta que essa evolução também traz novos desafios que ficam ainda mais evidentes agora. Traçando um paralelo com 2009, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou uma pandemia de H1N1, ele explica que, desde então, o fluxo de informação passou por uma descentralização drástica.
“Com o amplo uso das redes sociais, criou-se um paradoxo. As informações circulam muito mais rapidamente e em uma amplitude que não tínhamos visto antes, mas, ao mesmo tempo, demora mais para a informação correta alcançar massa crítica da sociedade”, ressalta.
Diante dessa infodemia, que acaba soterrando dados confiáveis vastos sob uma avalanche de desinformação, o papel do RH se acentua no auxílio do estabelecimento de gabinetes de crise. “Insensatez também mata. Devemos olhar as medidas emergenciais, mas também ter em mente que essas dificuldades passam e temos que olhar como faremos para o pós-crise. Como as empresas sairão dela e que oportunidades novas naturalmente irão se abrir”, recomenda.
Nesse cenário, cabe à gestão de pessoas encarar as mudanças causadas pela covid-19 de forma a facilitar a transparência nas relações entre empregador e empregado. “A incerteza e a ambiguidade geram ansiedade e isso é prejudicial não apenas à saúde, mas também na eficiência dos negócios. Esses têm que continuar. A empresa tem que se manter operacional”.
Em meio a essa realidade surge um novo desafio para o RH: o de mediar uma gestão que também passa a ser cada vez menos presencial. Embora isso fosse algo que já se desenvolvia com a introdução de novas ferramentas, a diluição de barreiras entre casa e trabalho insere uma nova nuance. “O RH tem que se aprimorar na gestão do home working para evitar a cultura do workaholic, que pode surgir naturalmente. Como casa e escritório tenderão a se confundir, os funcionários acordarão e dormirão no trabalho. Isso pode criar problemas trabalhistas e desgastes com a família do funcionário, levando à desmotivação. É um ponto de atenção”, alerta.
Em suma, Cezar Taurion acredita que as mudanças nas empresas impostas pela covid-19 tendem a transformar desde o ambiente de trabalho até a relação com o público externo. Passando por rotinas como reuniões, vendas, avaliações, controle de jornada e outros, as revisões serão tão essenciais para passar pelo momento atual quanto para resistir a novos desafios no futuro. “Outras crises virão e ser resiliente em um mundo cada vez mais digitalizado implica que a empresa tem que ser digital na sua essência e não só no discurso”, finaliza.
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