Os líderes desempenham um papel crucial na criação dos silos organizacionais, fazendo com que suas áreas sejam pequenos reinos, onde tudo “funciona”, as metas são “batidas” e as pessoas são “perfeitas”. Caso alguém discorde desse excelente desempenho, sempre existe uma boa justificativa e qualquer problema é causado pelo erro de alguma outra área que não faz a sua parte.
Eu não acredito que façamos isso de propósito. Naturalmente, tendemos a acreditar que nossa perspectiva é a correta, pois ela nos trouxe sucesso e crescimento na organização. Assim, quanto mais sucesso alcançamos, mais reforçamos nossos próprios silos de “perfeição”.
O primeiro passo para evitar essa armadilha é um clichê: precisamos investir em autoconhecimento para percebermos o que estamos fazendo e compreender que nossa opinião é apenas mais uma em um mar de possibilidades. Isso também nos ajudará a entender nossos medos e inseguranças, que nos fazem chegar ao ponto de querer proteger esses silos, e refletir se nossas ações realmente fazem sentido e são o melhor para a organização.
Quando você começa a se conhecer, percebe que unir as pessoas é uma batalha diária, que nunca termina, pois cada momento será decisivo para nos tornarmos líderes que constroem pontes ao invés de muros.
Falo isso porque não será um evento, um treinamento, uma fala do CEO ou um almoço com o presidente que resolverá esse problema, mas sim uma mudança do nosso comportamento no dia a dia: em cada reunião, em suas atitudes com os clientes, em cada coaching e one-on-one que fizer com seu liderado. Serão nesses pequenos momentos que a mudança deverá acontecer e gerar impactos reais.
Em cada uma dessas ocasiões, o gestor deve estar atento às suas falas sobre as outras áreas, afinal, estamos todos buscando o melhor para a companhia. Não existe “nós” e “eles”, existe apenas “nós” e um objetivo comum.
Ao ajudar o time nos conflitos que surgem diante de um problema, que tal falarmos todos juntos e encontrarmos uma terceira solução que não é a opinião de um, nem de outro? Ou que tal ceder para mostrar boa vontade, tirar a armadura que nos faz acreditar que estamos certos? Ouvir com atenção as outras ideias, principalmente as que você não concorda, pode proporcionar muito aprendizado.
É importante entender que sua área, divisão ou diretoria é parte de algo muito maior, e lembrar que não são especiais ou os melhores. Se estiver pensando nisso, já é um sinal de que você está ajudando na construção de muros.
É preciso encontrar um equilíbrio entre indicadores que medem o desempenho individual e do grupo e tomar cuidado para não gerar uma competitividade interna que passe dos limites e metas muito individualistas. Uma vez que o melhor para uma área pode não ser o melhor para a empresa.
Afinal, como exemplifica Fredy Kofman em “Consciência para os Negócios”, dentro das duas possibilidades, o que é melhor para a defesa de um time de futebol? Perder de 1 a 0 ou ganhar de 6 a 5? Se o sucesso para eles for somente tomar o menor número de gols, nesse caso, perder é o melhor negócio.
São esses exemplos que farão as pessoas se aproximarem, diminuirão a dissonância dentro da organização e permitirá que todos entendam que trabalham em prol de um objetivo comum. E não se espantem: em todas as organizações temos áreas presas nessas situações, em que estão cegamente lutando para perder de 1 a 0, sem entender e se preocupar com o resultado maior, que poderia nos fazer ganhar o jogo.
Nós, gestores, temos a difícil missão de lutar para não cair e não deixar que nossas equipes caiam nessas armadilhas, fazendo com que as pessoas trabalhem de forma harmoniosa, fluída e equilibrada, buscando todos o melhor resultado para a empresa e, consequentemente, para as pessoas.
Acesse nossa trilha “Desenvolvendo pessoas para impulsionar negócios”, uma jornada de conteúdos que servirá como um guia fundamental para o RH. Confira e garanta o aprimoramento dos colaboradores em cenários desafiadores.