Tecnologia e Recursos Humanos são áreas que estão trabalhando cada vez mais em conjunto, até porque os investimentos em software de gestão de pessoas não param de crescer. Segundo o relatório “HR Technology Market 2019: Disruption Ahead”, promovido por Josh Bersin, esse mercado cresceu 10% em 2018 e o valor gasto com sistemas por funcionário aumentou 29%. Anualmente, o especialista compartilha suas impressões sobre o mercado de tecnologia para RH a partir de resultados de diversas pesquisas e entrevistas. Para 2019, Josh Bersin aposta em Inteligência Artificial (IA), produtividade e experiência do colaborador.
O estudo reforça que a tecnologia de RH representa uma grande parcela dos negócios hoje em dia. Como exemplo ele cita que, nos Estados Unidos, existem 12 milhões de empregadores, que gastam mais de US$ 5 trilhões em folha de pagamento, benefícios e outros programas. E ainda que cerca de 40% da força de trabalho muda de emprego a cada ano, criando um mercado de US$ 250 bilhões para recrutamento e seleção.
Avaliando o cenário atual, Josh Bersin listou, em seu relatório, desafios comuns à gestão de pessoas. Segundo o pesquisador, todos os itens dependem da tecnologia, sendo que alguns deles podem ser revolucionados através de ferramentas, tornando a tecnologia para RH mais importante do que nunca em 2019. São alguns desafios:
- Justiça e transparência para contratar, promover e propagar as pessoas;
- Diversidade, com inclusão de gênero, idade, raça, formação educacional e mental e capacidade física;
- Consciência social a partir de iniciativas responsáveis para a comunidade;
- Produtividade através da redução das distrações no local de trabalho;
- Marca empregadora autêntica e relevante para candidatos e colaboradores;
- Evolução de carreiras com ações para os funcionários incorporarem novos papéis e construírem carreiras com propósito e significado;
- Relação com autônomos e contrato de trabalho em tempo parcial e flexível.
O ritmo da mudança
No relatório, Josh afirma que os sistemas de RH estão evoluindo cada vez mais rapidamente, devido à tecnologia em nuvem, que permite aos fornecedores atualizarem suas plataformas com mais autonomia. De acordo com o estudo, as ferramentas de RH estão sendo integradas ao fluxo de trabalho, criando uma nova maneira de melhorar a experiência do colaborador. Segundo o especialista, isso representa um paradigma de design para fornecedores de tecnologia e para equipes de RH e traz mudanças positivas para funcionários e gestão de pessoas.
Um ponto de atenção levantado por Josh Bersin em sua pesquisa é a segurança, transparência e natureza dos dados capturados pelas empresas. E também as informações externas, que chegam através de inteligência artificial e influenciam a tomada de decisão. Por isso, é importante manter a ética com o uso de dados, segundo o relatório analisado.
Com base nessa introdução, o diagnóstico de Josh Bersin contempla 11 mudanças no mercado de tecnologia para RH em 2019. Abaixo, está um resumo de quatro dessas perspectivas. Para ler o estudo completo, acesse o site do especialista.
1- Evolua os sistemas de engajamento para sistemas de produtividade
O estudo reforça que a parte mais importante e essencial do RH no cenário tecnológico continua sendo o core, que inclui folha de pagamento e sistemas de gestão. Segundo o relatório, esse mercado vale mais do que US$ 8 bilhões.
Essas plataformas já passaram por algumas etapas evolutivas, conforme explica Josh Bersin. Há décadas, os sistemas deixaram de ser apenas para manutenção e registro das equipes de RH e passaram a contar com usabilidade de autoatendimento, em que colaboradores podem gerenciar suas informações, benefícios e tarefas.
Agora, o relatório aponta que as ferramentas de RH estão sendo integradas ao fluxo de trabalho. Por isso, os fornecedores estão novamente lutando para evoluir e fazer seus sistemas se tornarem ferramentas de gestão produtiva e de uso da força de trabalho. De acordo com o estudo, por enquanto, nenhuma plataforma realmente suporta trabalho baseado em equipe ou projeto e os desenvolvedores têm ainda muito esforço para chegar em uma interface focada nas necessidades dos funcionários e executivos.
A pesquisa mostra que à medida que passamos mais das nossas vidas profissionais para sistemas como o Office 365, o Slack e o Workplace do Facebook, os fornecedores estão colocando mais e mais funcionalidades de RH nessas plataformas. Chatbots, mensagens e notificações em tempo real estão aparecendo e trazendo o RH e o local de trabalho para o mesmo ambiente.
2- A arquitetura da tecnologia de RH vai mudar
O estudo de Josh Bersin relembra que, depois da tecnologia core de RH, o mercado se voltou para plataformas de gestão de capital humano (HCM), incluindo metas, desempenho, aprendizado e engajamento. Segundo o especialista, a maioria dos principais players de ferramentas de RH estão investindo pesadamente em recrutamento, gestão do desempenho, aprendizagem e até mesmo funcionalidades de engajamento dentro de suas plataformas.
No relatório, é possível perceber que a tendência é que as companhias usem o sistema de HCM do seu principal parceiro de RH, ou seja, de players já consolidados no mercado. De acordo com a análise de Josh, as ofertas estão mais competitivas, os preços caindo e fornecedores de nicho precisam ser ágeis e inovadores para sobreviver.
De novidade, a pesquisa mostra que o mercado de tecnologia para RH está construindo e comprando ferramentas para bate-papo, interfaces cognitivas e vários outros recursos que permitem que as empresas implantem um sistema fácil de usar e que faça parte dos momentos que importam durante o trabalho. Segundo Josh Bersin, essa é uma camada com nova concorrência nesse mercado.
O pesquisador avalia o fortalecimento da gestão do capital humano com ferramentas primárias de HCM, enquanto as grandes inovações nascem com novos produtos e novos fornecedores. Isso significa que os desenvolvedores precisam abrir suas APIs para permitir que todos os fornecedores de valor agregado acessem o núcleo de sua plataforma. O estudo aponta a necessidade de facilitar que sistemas especializados integrem, troquem dados e até vendam em conjunto com os grandes software.
3- Gestão de talentos com inovação e inteligência artificial
Para resolver os desafios listados no início do relatório, Josh percebeu a chegada de uma nova geração de ferramentas inovadoras, criativas e muitas vezes baseadas em inteligência artificial. Os novos aplicativos são focados em melhorar a experiência do colaborador de cima para baixo, ajudando no recrutamento, desempenho, aprendizagem, gestão de carreira, recompensas, bem-estar e o trabalho em si.
A partir dessa oportunidade, novos fornecedores estão nascendo e a inteligência artificial é uma grande parte da inovação que está ocorrendo. De acordo com a pesquisa, IA é quase uma mercadoria para comprar. Inclusive, o estudo cita exemplos de empresas como IBM, Google, Microsoft e Amazon, que oferecem serviços de IA em suas interfaces web, para que os fornecedores possam aplicar uma ampla gama de algoritmos sem contratar exércitos de engenheiros de software.
Com toda essa mudança de tecnologia, segundo o relatório, a equipe de RH que cuida da arquitetura de sistemas tornou-se mais importante do que nunca. Afinal, na maioria das empresas, o departamento de TI não conseguiu acompanhar as mudanças do mercado de RH, avaliando o cenário, os fornecedores e desenvolvendo estratégia de longo prazo para essas necessidades.
4- O mercado da experiência do colaborador: a chave para o engajamento
A quarta mudança listada por Josh Bersin é o foco e interesse em melhorar a experiência do colaborador. Segundo o especialista, esse termo é amplo e inclui experiências do dia-a-dia, expectativas de carreira, relações de gerenciamento de funcionários e requisitos que vão além do RH. O estudo ainda dá exemplos citando um computador que não funciona, um reembolso de despesa atrasado ou o leitor de crachá falhando. Em todos esses cenários, o colaborador não está feliz, independentemente da qualidade do sistema de gestão de pessoas.
O relatório indica que as empresas não querem mais comprar plataformas que “apenas” são fáceis de usar. A necessidade é de sistemas que possam automatizar e simplificar as experiências dos funcionários, o que significa que são, na verdade, gerenciadores de situações, transações e processos, com segurança e integração de perfil.
Quando se pensa na experiência do colaborador como um núcleo, melhores soluções são projetadas. No estudo, Josh conta que no Facebook os balcões de atendimento de tecnologia são onipresentes e substituem computadores ou telefones com falha. Além disso, toda a empresa usa o Workplace para suporte e há chatbots e agentes de serviço 24 horas por dia para ajudar funcionários com qualquer problema.
Para resumir todos os desafios enfrentados por empresas de tecnologia para RH, no relatório, Josh Bersin diz que a estratégia geral é fazer a ferramenta se tornar invisível para os usuários. Segundo o especialista, se o sistema é útil para funcionários e gerentes e se encaixa no dia-a-dia da vida profissional, será adotado e todos, incluindo o RH, serão beneficiados. Agora, se for necessário interrupção no seu trabalho e necessidade de aprender a usar, o sistema não ganhará tanto valor.
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Texto com informações retiradas do estudo HR Technology Market 2019: Disruption Ahead, disponível na página https://joshbersin.com/hr-tech-disruptions-for-2019