Na última publicação da série especial em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, as especialistas Adriana Salles, Diretora-Editorial da HSM Management, e Elisa Tawil, Idealizadora do Grupo Mulheres do Imobiliário, abordam a importância de expandir o potencial de profissionais e como o RH tem um papel fundamental nisso.
Como revela Adriana, os maiores desafios de sua trajetória profissional estiveram relacionados ao uso equivocado de seus traços de personalidade. “Eu criei problemas desnecessários toda vez que não soube usá-los a meu favor em determinado contexto. Tive de correr atrás para corrigir isso”, conta.
Da mesma forma, Elisa revela que também precisou ser capaz de recomeçar ao longo dos anos. “No âmbito do mercado imobiliário, a crise de 2008 desafiou a evolução da minha carreira e me deu experiência em gestões de crise. Por outro lado, o término da minha sociedade, quando empreendi, também foi um grande desafio para me reinventar e pivotar minha carreira”, explica.
O RH e a mentoria
Para ambas, a capacidade de crescer com erros foi essencial para o sucesso. Além disso, Adriana Salles salienta o papel que alguns personagens tiveram em sua evolução. “Acho que dei a sorte de ter mentores, os melhores que eu podia ter”, lembra.
Segundo ela, essas figuras nunca foram realmente formalizadas como mestres, mas se encaixam perfeitamente na descrição que executivos fazem de suas relações com a mentoria. “Penso em um professor de jornalismo da ECA-USP, o Bernardo Kucinski, no meu editor-chefe na Gazeta Mercantil, o Matías Molina, no José Salibi Neto, cofundador da HSM. Agora, estou realizando o sonho de escrever um livro com o Salibi, inclusive. ‘O Algoritmo da Vitória’, que está para ser lançado pela editora Planeta”, conta.
Para ela, a experiência de proximidade com esses profissionais foi fundamental em sua trajetória. “Mentoria definitivamente ‘rocks’”, afirma. E essa é uma visão da qual Elisa Tawil, que também é colunista da HSM, compartilha: “Aprimorei muito minhas competências socioemocionais e tive o privilégio – e sorte – de ter líderes que me incentivaram nesse sentido”.
Expandindo o capital humano
Diante da relevância dessas figuras, a Diretora-Editorial da HSM Management acredita que o RH precisa começar sua atuação nesse novo momento do mercado de trabalho sendo capaz de ajudar as pessoas a descobrirem do que são realmente capazes.
“Vou citar o Arthur Tacla, um consultor de RH, que nos disse uma vez o seguinte: ‘o RH tem de parar com essa mania de assessment, até porque a avaliação de pessoas é uma ficção. Cada pessoa tem vários ‘us’, existindo em fluxo e não como identidade fixa’. Para ele, o papel do RH é desenhar uma organização que possa liberar o potencial das pessoas e a expansão de seus vários ‘eus’”, afirma.
Feito isso, Adriana afirma que seja natural a atração de talentos independentemente de gênero. “Acredito que, se os RHs fizerem isso, as mulheres virão e contribuirão muito para os negócios”, completa.
Em análise, a especialista admite que a tarefa que se impõe diante da gestão de pessoas não é simples, mas se justifica em seus resultados. “É uma responsabilidade enorme, talvez dois terços do caminho. O RH tem de criar tanto cultura quanto estrutura que acolham uma maior presença feminina. Cultura passa por tirar os vieses dos líderes, o que é bem difícil de fazer. Estrutura tem a ver com garantir a participação igualitária das mulheres nos processos de recrutamento e seleção, criar programas de liderança feminina, proporcionar flexibilidade etc.”, explica.
Contudo, é importante também que os novos profissionais, em especial da geração mais jovem, saibam ouvir esses mentores, sejam eles oficializados nessa posição de mestria ou não. É o que aponta Adriana. “Essa turma voa baixo, mas tem uma impaciência que dá aflição de ver. Socorro. Se aprenderem a lidar com a própria pressa, o que inclui escutar os outros e entender quando é o momento de ser menos protagonista, vai dar tudo certo”, conclui.
Sem medo de evoluir
Outra lição importante que a jornada das duas especialistas rumo à liderança feminina mostra é que essa expansão do potencial passa pela capacidade de seguir em frente a despeito dos desafios.
Ao longo da carreira, Adriana Salles conta que notou aos poucos obstáculos relativos a gênero, mas que decidiu responder a eles de igual para igual. “Eu não tinha percebido até uns três anos atrás. Então comecei a notar que eu era mais interrompida pelas pessoas do que os homens. A solução que eu encontrei foi olho por olho, comecei a interromper mais os homens. E deu certo, a coisa se normalizou. Hoje, se fazem mansplaining comigo, eu retribuo com humor. A pessoa cai em si e para de fazer”, revela.
Para Elisa Tawil, eleita em 2019 entre as LinkedIn Top Voices, essa capacidade de avaliar a situação sem receio de evoluir é essencial. “Não tenham medo de errar. O erro faz parte do processo e se aprende muito com ele. Assuma a responsabilidade de seus atos e esteja sempre atenta ao que as situações trazem como aprendizado e conhecimento. Esteja sempre atualizada e procure ser especialista generalista. Tenha um conhecimento específico sim e saiba um pouco de tudo. Você é forte e capaz, basta querer”, oferece de inspiração.
Já Adriana vê a presença feminina crescente no mercado profissional não apenas como algo natural, mas como uma necessidade para o futuro que está se desenhando. “Quero só dizer que sou otimista. Na HSM Management, ao longo de 23 anos, temos acompanhado o impacto das mulheres no mundo da gestão. Eu nunca vi tantas contribuições femininas relevantes como vejo agora. E tem mais. Acho que o mundo vai dar uma guinada com essa pandemia, o capitalismo idem, e as mulheres, em particular as gestoras, terão um papel crucial em redesenhar o estilo de vida da humanidade”, projeta.
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