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Diversidade e inclusão no RH: o potencial transformador nas organizações

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Entenda por que 35% dos líderes entrevistados pela Accenture disseram que a diversidade será prioridade nas empresas

A inclusão e diversidade no RH são temas que estão sempre em pauta. Porém, o relatório Getting to Equal 2020: The Hidden Value of Culture Makers, da Accenture, empresa de consultoria de gestão, tecnologia da informação e outsourcing, revela que apenas 35% dos líderes entrevistados classificaram o tema como sendo prioridade dentro das empresas.

Carlos Hilário, Diretor de Recursos Humanos, Administrativo e Segurança Empresarial da Anglo American no Brasil
Carlos Hilário, Diretor de Recursos Humanos, Administrativo e Segurança Empresarial da Anglo American no Brasil

Segundo Carlos Hilário, Diretor de Recursos Humanos, Administrativo e Segurança Empresarial da Anglo American no Brasil, é preciso ocorrer uma conscientização para romper com o modelo estabelecido, evitando uma perda muito grande de produtividade. 

Para ele, “cuidar da diversidade e inclusão não é ser bonzinho: trata-se de sabedoria estratégica. Nós estamos em uma mudança de era e não há como saber as transformações que ainda iremos necessitar para participar da construção desse ‘novo mundo’”, afirma.

A falta de alinhamento pode gerar prejuízos

O estudo da Accenture evidenciou uma lacuna de percepções dentro das organizações. Enquanto 70% dos líderes consideram importante a criação de ambientes inclusivos e com sentimento de pertencimento, apenas 40% dos funcionários concordam com essa necessidade. 

O relatório mostra que essa discordância entre as percepções dos líderes e liderados impede a produção de vantagens significativas e, consequentemente, de lucros globais que chegariam a US$3,7 trilhões.

Por isso, o especialista defende que é preciso ter visões mais diversas para criar algo que leve à continuação do desenvolvimento humano, alcançando sua potencialidade máxima. “Nesse sentido, as pesquisas já mostram a importância da diversidade para trazer melhores soluções de problemas para as empresas, inovar e ampliar mercados”, aponta Carlos.

Jornada pessoal e uma carreira de sucesso

Com origem em uma família humilde, Carlos Hilário viveu de perto a realidade excludente do país. Começou a trabalhar ainda criança, com sete anos de idade, e só depois de anos conseguiu a oportunidade de investir nos estudos. 

Ele conta que viveu diversas experiências de exclusão por ser negro e pobre. “Minha mãe faleceu quando eu tinha dois anos e precisei trabalhar na rua desde os sete. Negro, pobre, de favela e sem mãe, fui simplesmente visto como mais um ‘moleque sem futuro’”, conta.

Mesmo assim, sua trajetória o levou a alcançar cargos de gestão no Brasil e no exterior, chegando ao atual cargo de Diretor de Recursos Humanos, Administrativo e Segurança Empresarial de uma grande empresa: a Anglo American.

O gestor ainda compartilhou uma vivência que foi necessária para o cargo que tem hoje. “Aos 18, trabalhei em uma grande companhia, na qual fiquei seis anos como operário de turno, para mim foi fundamental porque representa a vivência de uma minoria. Para me tornar Diretor de RH, essa foi uma experiência de vida diferenciada e significativa”, relata.

Além de Administrador e Psicólogo, ele também possui mestrado e doutorado em comportamento organizacional e atuou em diversos países como Estados Unidos, Argentina e Trinidad e Tobago.

Carlos também participou do 12º episódio do Podcast Pra Gente. Ouça o conteúdo na íntegra:

Qual a importância da diversidade e inclusão no RH?

A pesquisa da Accenture identifica que, para a criação de uma cultura que inclua a diversidade e inclusão no RH das empresas, é preciso algumas âncoras:

  • Liderança ousada;
  • Ação abrangente;
  • Um ambiente de empoderamento. 

Outro apontamento feito é que, quando a igualdade é uma prioridade no ambiente de trabalho, os funcionários se sentem mais capacitados para inovar e dar apoio à equipe. Segundo Carlos, para isso, é necessário criar espaços para falar sobre o tema e ajudar os colaboradores a entenderem a importância do assunto. 

A necessidade de gerir pessoas

Além disso, a gestão de pessoas “precisa estar sempre traduzindo a diversidade – em uma linguagem inteligente de negócio – de modo que as pessoas entendam que se trata de uma ação estratégica e que é responsabilidade de todos”, indica.

O especialista ainda afirma: “A inclusão está em criar condições para que as pessoas possam ser e estar nesses ambientes, sem destituir-se das suas características individuais, e em promover o sentimento de pertencer, apesar de todas as diferenças”. 

Qual o papel da liderança?

Para Carlos Hilário, os gestores têm um papel fundamental para alcançar culturas organizacionais mais diversas. Ele também acredita ser imprescindível a criação de espaços para a produção de insights, além de deixar de lado o medo de falar sobre a diversidade e inclusão no RH.

De acordo com ele, “as crenças só serão modificadas à medida que forem desafiadas. Não de uma maneira agressiva, mas de modo a provocar a reflexão e questionar os estereótipos sobre as minorias, produzindo uma desconstrução de crenças cristalizadas”, ressalta.

Os dados do relatório Getting to Equal 2020: The Hidden Value of Culture Makers, evidenciam que apenas uma pequena porcentagem de líderes está comprometida com a construção de culturas de igualdade. 

O líder precisa assumir o papel de exemplo

Diante disso, o gestor afirma que há um processo de perpetuação natural de qualquer grupo para manter o status quo, já que as pessoas são treinadas a não questionar. “A liderança é fundamental nesse sentido, porque é a referência de todas as pessoas na organização. Nós seguimos o líder. De alguma maneira, eles materializam ou não as políticas para o campo da prática”, conclui. 

Por isso, a liderança dentro de uma companhia precisa entender seu papel na construção de uma organização mais inclusiva, se tornando uma chave importante nesse processo. O especialista explica que “a igualdade não é dar as mesmas condições para todo mundo, é dar as condições para que cada pessoa, com sua diferença, possa atuar em condições adequadas de competição”, finaliza. 

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Rômulo Santos

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