Segundo pesquisa divulgada pela Revista Você RH no ano passado, na época, cerca de 84% das empresas estavam planejando mudar seu sistema de avaliação. O estudou também mostrou que, diante de situações complexas (como decidir por promover um colaborador para um cargo de alta gestão), o modelo tradicional – que surgiu na década de 60 – sozinho, não é mais suficiente. Para suprir essa necessidade, as avaliações orgânicas estão ganhando destaque na área de RH. Nesse texto, você vai conhecer um pouco dessa metodologia, já que aplicá-la na rotina de gestão de desempenho pode ser vital para a sua organização.
O que são avaliações orgânicas?
Avaliações orgânicas têm por principal característica o retorno instantâneo e sem hierarquia das atividades conduzidas dentro da companhia. Acontece através de um sistema único, disponível para todos os colaboradores, que podem opinar, sem cronograma estabelecido, sobre o desempenho de colegas e gestores. Assim, em tempo real, os decisores e o RH têm informações precisas de todas as equipes e projetos entregues.
Felipe Azevedo, Vice-presidente e Diretor de HCM da LG lugar de gente, explica que a grande diferença em relação ao modelo tradicional é a periodicidade e a forma de coleta e entrega dos feedbacks. “Antes, se tratavam de reuniões que aconteciam uma ou duas vezes ao ano e sofriam com a barreira física do encontro presencial. As avaliações orgânicas superaram os principais desafios de instantaneidade do mundo VUCA”, assinala Felipe.
O que a empresa ganha? Para Felipe, o foco se torna o desenvolvimento do funcionário, com olhar no futuro, que será revertido em resultado para a organização, com dados importantes e assertivos no momento de decisões em promoções, remuneração variável, demissões e treinamentos.
Feedback x Feedforward
Nas avaliações orgânicas, o feedback dá lugar ao feedforward. Isso significa que os retornos às atitudes dos profissionais são dados com base em pontos que podem ser melhorados nas próximas ações, sem destacar erros do passado. Esse método conta também com informações advindas de várias origens, inclusive voluntárias. Com isso, o indivíduo pode ter uma percepção bem interessante do que pensam dele dentro da empresa.
Como exemplo simples para entender a diferença entre feedback e feedforward, imagine um colaborador que não conseguiu cumprir o prazo de entrega de um relatório. Em feedback, o gestor conversaria com ele apontando a dificuldade enfrentada com o relatório que não foi entregue e o quanto isso iria prejudicá-lo. Em feedforward, o funcionário seria estimulado a organizar suas atividades para que, em relatórios futuros, o mesmo erro não acontecesse.
Invista na cultura
Apesar das vantagens apresentadas com as avaliações orgânicas, para algumas organizações, não estamos falando em abandonar o modelo tradicional. Luiz Gustavo Mariano, sócio da Flow Executive Finders, empresa de consultoria para seleção de executivos, aponta um dos principais desafios na implantação do sistema: a mudança na cultura da companhia, principalmente no que diz respeito à rotina dos gestores e liderados. “A gestão de desempenho mantida por avalições orgânicas só acontece se todos estiverem engajados e aptos a exporem suas opiniões quase que diariamente. Fazendo uma analogia, é como se fosse uma bicicleta, que, se parar, cai”, exemplifica.
O Vice-presidente da LG aconselha às companhias que ainda não possuem uma cultura formada em relação ao tema que busquem seguir com seus processos mais estruturados e, em paralelo, introduzam recursos mais flexíveis, para que, aos poucos, as pessoas comecem a se utilizar deles. Assim, ao longo de um período, equipes e gestores vão se comunicando e fazendo os registros necessários na ferramenta.
“O amadurecimento da empresa e a tecnologia que sustenta seus processos de RH são pontos-chave para o acontecimento sustentável de avaliações orgânicas, bem como torná-las a base de dados para as decisões mais relevantes da organização”, complementa Azevedo.
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