Por Daniela Mendonça*
Em tempos de eSocial no Brasil, os processos trabalhistas tomaram a dianteira na lista de prioridades das empresas. Para mim, uma simples analogia resume: é como se fosse uma Pirâmide de Maslow do RH. Ou seja, eSocial é a necessidade básica.
Diante desse projeto tecnológico federal ambicioso, digno de ser benchmarking para qualquer país de primeiro mundo, as atenções estão voltadas para a geração de 45 leiautes de registros que contêm absolutamente todas as informações de movimentações das pessoas dentro das organizações. Nada vai ficar de fora. E tudo isso dentro do tempo e respeitando as precedências legais.
Realmente, temos que correr. Empresas de tecnologia para RH, como a LG lugar de gente, devem investir muito na adaptação de seus produtos para esta nova realidade. A LG já investiu nesse projeto perto de 200 mil horas de trabalho. Mas investe também em um intenso trabalho de conscientização de seus clientes sobre essa nova demanda, pois sabe-se que nem todos estão por dentro das mudanças e dos riscos ligados ao não cumprimento dessa nova regra. Por outro lado, as companhias no Brasil também devem se preparar, pois a data de entrada em vigor do eSocial está cada dia mais próxima e, ao que tudo indica, não sofrerá mais adiamentos.
Mas voltemos à pirâmide. Maslow nos ensina que, atendidas as necessidades básicas, as pessoas vão em busca do atendimento das suas mais próximas e urgentes necessidades.
E quais são elas para o RH?
Pesquisas indicam que 95% dos colaboradores das empresas não estão sintonizados com as estratégias das empresas. E mais – ou diria, e pior (tem como ser pior?) –: 50% da capacidade da força de trabalho é desperdiçada e 84% das companhias não usam todo o potencial da força de trabalho.
O RH tem então a urgência (mais uma?!) de promover estes alinhamentos: auxiliar a gestão da empresa na obtenção de maior produtividade e eliminação do desperdício da força de trabalho. Eu, como gestora de uma empresa e responsável pelos seus resultados, colocaria estas demandas também em altíssimo grau de prioridade. Mas como resolver essa questão?
Em primeiro lugar, procurando muito e escolhendo bem. Estamos falando aqui de uma relação entre pessoas. Pode ser a jurídica (que nada mais é do que uma coleção de pessoas físicas) e as pessoas físicas que a compõem. Ambos os lados têm que, acima de tudo, comungar dos mesmos valores. Esse é o primeiro sinal de sintonia e de que as coisas correrão bem ou não. Sugiro fortemente que os candidatos avaliem a cultura da empresa para a qual estão se candidatando, assim como esse deve ser o primeiro item a ser avaliado em um talento. Além disso, a companhia deve estabelecer, a partir de sua estratégia desdobrada, quais os conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para as pessoas que ali trabalharão e procurar as pessoas mais adequadas a esses requisitos.
Eu continuaria escalando a pirâmide procurando remunerar adequadamente cada um dos profissionais da companhia. Mas o que é o adequado? Através de sucessivas avalições de competências e desempenho eu obtenho essa resposta, podendo, então, promover uma política de remuneração justa, dar e registrar feedbacks e promover o desenvolvimento contínuo das pessoas. Também através dessas avaliações, eu continuo escalando a pirâmide, encontrando os gaps de conhecimento e traçando uma trilha de aprendizagem (que pode ser através de games), que seria retroalimentada com os resultados dos treinamentos aplicados.
Em volta dessa pirâmide, haveria uma forma de mensurar e analisar todas essas informações de forma integrada, trazendo até mesmo dicas e sugestões de ações de acordo com as informações obtidas, comparando-as com benchmarkings do mercado.
Imaginando dessa forma fica muito difícil estabelecer a prioridade do RH ou as precedências de necessidades, mas aqui fica a dica: não desejemos nada menos do que isso para nos auxiliar na gestão da nossa gente.
* Daniela Mendonça, é Presidente da LG lugar de gente, empresa brasileira desenvolvedora de soluções de tecnologia para gestão de pessoas, com mais de 30 anos de mercado. Formada em Ciências da Computação pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Daniela iniciou sua carreira como estagiária da LG. De lá para cá, participou de importantes projetos de desenvolvimento e implementação de software, dentre eles o Gente Recebe – Folha de Pagamento, um dos principais produtos da LG.