A área de recursos humanos está em um momento de autorreflexão, de olhar para sua essência e focar nas pessoas. Nesse contexto, incentivar o protagonismo dos profissionais, desenvolvendo talentos e engajando colaboradores, em diversos âmbitos de suas vidas, faz com que as organizações se sobressaiam em seus resultados e impactem positivamente a sociedade. Para isso, o RH está cada vez mais como o responsável por gerenciar personalidades diferentes, alinhar objetivos em comum e promover um ambiente de qualidade para todos.
Reforçando a importância do assunto, o olhar voltado para pessoas e sociedade apareceu na última edição da pesquisa Tendências de Capital Humano da Deloitte. O relatório apontou a ascensão de empresas sociais, por virem de um cenário de estarem sendo julgadas com base em suas relações com trabalhadores, clientes e comunidade. Além disso, o “crescimento inclusivo” foi listado como um dos três primeiros objetivos dos respondentes. Para 77%, “cidadania e impacto social” são críticos ou importante ao negócio.
No CONARH 2018, Iara e Eduardo Xavier, fundadores da Caçadores de Bons Exemplos, apresentaram um painel sobre como usar o protagonismo, voluntariado e impacto social para promover o desenvolvimento pessoal e profissional dos colaboradores e gerar propósito nas organizações, aumentando o engajamento e resultados.
Isso porque Iara e Eduardo acreditam que um colaborador motivado e ciente de seus objetivos, além da consciência de seu papel nominado, trabalha mais comprometido com as causas da empresa e, com isso, gera melhores resultados tanto para ele quanto para a companhia. “Estamos falando de melhores e não maiores resultados. E esses serão os resultados com o propósito”, afirmam.
Afinal, as relações pessoais e profissionais estão cada vez mais interligadas e intrínsecas. Pessoas que são protagonistas na vida pessoal costumam se sobressair também no trabalho e influenciar seus colegas positivamente. Através de um mindset diferenciado, elas enxergam o real processo de ganha-ganha que existe em suas atividades. Esses profissionais assim têm uma postura de responsabilidade, compromisso e determinação. Além disso, buscam desenvolvimento constante e se interessam em receber feedbacks.
Para RH e gestores, é importante reconhecer e incentivar esse tipo de atitude, para trazer o colaborador à máxima performance. Segundo os fundadores da Caçadores de Bons Exemplos, na prática, a empresa tem um papel fundamental na busca pelo propósito das pessoas, mas, acima de tudo, o objetivo da empresa tem que estar claro para cada um dos colaboradores. “Por exemplo, qual o propósito da Disney? ‘Gerar felicidade’. Resultado prático: gerando felicidade, os clientes voltam e assim trazem resultados financeiros à empresa. Não devemos apenas olhar esse tema como modismo e sim como ferramenta transformadora que está em nossas relações a milhares de anos”, exemplificam.
O papel dos bons exemplos
Segundo Iara e Eduardo, todos estão carentes “em ajudar” e estimular pessoas a fazerem o bem. “Fazer o bem deixa as pessoas mais leves. Geralmente, as empresas já possuem uma ação social dentro de seu calendário, seja no dia “V” (voluntariado), no “C” (cooperar) ou em práticas pontuais. O que avaliamos é se essas ações são aceitas e incorporadas pelos colaboradores”, comentam eles.
Pensando no outro lado, sabemos que bons exemplos são inspiradores, porém, Iara e Eduardo indagam sobre qual pode ser o prejuízo para uma organização que mantém pessoas tóxicas e que são maus exemplos. “E quando essas pessoas são mantidas em cargos de liderança? As empresas devem interferir na atuação desse profissional, mesmo que ele cumpra com suas entregas?”, questionam.
De acordo com o casal, o fato de o mundo estar em um cenário de transformação, faz com que as empresas não resistam com condutas antigas, como manter líderes autoritários, rudes, mesmo com a desculpa de que trazem resultados. “O resultado não pode ser o foco principal. O foco principal são as pessoas, são os ‘seres humanos’. A consequência, sim, será o resultado”, complementam eles.
Para finalizar, eles sugerem a reflexão: por que a Disney tem ocupação o ano inteiro em seus parques e hotéis, mesmo tendo concorrentes mais baratos? “A resposta é que eles construíram uma filosofia, trabalham o protagonismo de seus profissionais e têm um propósito que faz sentido para todos. Os resultados estão no final dos processos e o principal são as pessoas. Sabemos que o objetivo da empresa é gerar felicidade aos clientes e colaboradores e isso já está no DNA da companhia há mais de 50 anos. Então, para nós, está provado que o propósito tem que estar na frente das organizações”, avaliam.
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