No livro Gestão de Pessoas, Chiavenato afirma que cada colaborador está interessado em investir trabalho, dedicação e esforço pessoal, junto de conhecimentos e habilidades, em uma organização, mas desde que receba uma retribuição adequada. Mesmo sendo uma troca primordial, muitos profissionais ainda ficam desconfortáveis e constrangidos em falar abertamente sobre remuneração e benefícios com seu gestor ou com sua equipe.
No ponto de vista do RH, cada salário é fundamental na hora de elaborar o orçamento de pessoal e de criar novos cargos. Além disso, as remunerações também são levadas em consideração nas decisões tomadas pela alta gestão, afinal a folha de pagamento é conhecida como um dos principais custos de uma empresa.
Diante da relevância do assunto e interesse de ambos os lados (colaborador e empresa), por que ainda existe dificuldade em lidar com o tema no ambiente corporativo? Como as empresas podem se desenvolver nesse aspecto e criar um clima mais amigável para conversas sobre remuneração?
Abrindo a caixa preta
A empresa Takeda, do ramo farmacêutico, tem conseguido fazer diferente através do programa “Open The Black Box”. A iniciativa faz alusão direta ao tema, que é delicado, mas fundamental no dia a dia de trabalho. O projeto prevê atividades que permitem aos colaboradores o esclarecimento de dúvidas gerais sobre o sistema de remuneração da empresa, metodologia de cargos e salários, progressão de carreira, dentre outros assuntos.
O Open The Black Box foi implantando primeiramente no Brasil, mas com o sucesso da ação, o modelo foi levado para outros países da América Latina, nos quais a Takeda atua. Segundo Veronika Falconer, Diretora Executiva de Administração, Recursos Humanos e Comunicação Corporativa da Takeda no Brasil, o objetivo do RH foi trazer mais transparência e conhecimento sobre práticas como pesquisa salarial, meritocracia e definição de benefícios. “A iniciativa foi apresentada primeiro aos gestores e em outra onda criamos também uma versão para as equipes”, explica.
Segundo a diretora, ao passar essas informações e explicar o funcionamento, de forma cautelosa, alinhada ao mercado e com regras claras, houve mudança na percepção das pessoas sobre seus pacotes salariais. “Com isso, expandimos o programa para cobrir todos os níveis hierárquicos e definimos que essa ação seria realizada anualmente”, pontua.
Veronika comenta que rapidamente a empresa notou, na pesquisa de clima, um aumento na satisfação com salário, benefícios e Programa de Participação de Resultados (PPR), mostrando que havia desconhecimento por parte dos colaboradores sobre o assunto. Além disso, deu para perceber que as pessoas também se sentem mais motivadas quando sabem em que posição estão e o que precisam fazer para chegar aos cargos mais altos. “Quando o colaborador tem o conhecimento sobre sua remuneração, ele pode estabelecer um diálogo franco e transparente com o seu líder. Dessa forma, terá mais consciência do seu desempenho profissional de maneira clara e engajada”, completa.
Para ampliar ainda mais o programa, Veronika comenta que, desde 2018, a ideia passou a ser incorporada logo na integração dos novos colaboradores por meio de um treinamento sobre o tema. “Permitindo, assim, que, já em seu início na organização, o funcionário tenha clareza da metodologia que empregamos e esteja ciente de que ela leva em consideração o desempenho pessoal, além da análise dos cargos em companhias do mesmo porte e mercado de atuação da Takeda. Ademais, lançamos também um relatório individual de remuneração e benefícios, que resume o pacote de rendimentos total de cada profissional, como forma adicional de ampliar a percepção do que é oferecido pela empresa”.
A diretora menciona que um dos desafios do programa é fortalecer essa cultura, desvinculando a diferença entre salário e benefícios, pois o colaborador precisa enxergar o todo que é proporcionado a ele. “O Open The Black Box mostra claramente ao público interno que, além do salário, é preciso ter a consciência de que existem premiações, bônus, treinamentos, dentre outras remunerações, que estão inclusas em um pacote completo de benefícios”, explica a diretora.
Reconhecimento e remuneração é consequência
Segundo Veronika, todo esse cuidado que a Takeda dedica ao programa é fruto da construção de uma série de boas práticas que foram evoluindo ao longo dos anos. Como resultado, a empresa vem se tornando referência e conquistando premiações relevantes como Top Employers Brasil e Latam 2017, 10 Melhores Empresas Para as Mulheres Trabalharem no Brasil e As Melhores Empresas para Trabalhar 2018, ambas promovidas pela Época Negócios e pelo Great Place to Work. “Nossos valores são transmitidos em todas as ações, sem exceção. Isso tem repercutido nas boas avaliações e pesquisas sobre o mercado em geral e também quando falamos em RH”, frisa a diretora.
Ela dá dicas para empresas que desejam criar uma estratégia de remuneração que gere engajamento nas equipes. “É importante sensibilizar os gestores e criar consciência de que é fundamental manter a transparência, assim como é necessário cascatear as informações para todos os colaboradores de maneira clara e honesta. Minha recomendação é que, desde o início, essa conscientização esteja presente entre os cargos mais altos da companhia, como presidente e diretores, indo até os coordenadores, pois eles serão fundamentais na transmissão das boas práticas”, finaliza Veronika.
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