Saúde mental no ambiente de trabalho: como ser mais assertivo na promoção do assunto?

Pesquisa revela que a saúde mental é ponto relevante para a gestão de pessoas e a importância do envolvimento da liderança

Você tem notado que, cada vez mais, a pauta da saúde mental no ambiente de trabalho tem se tornado central nas empresas? O que sua organização pode e deve fazer para contribuir com bem-estar dos colaboradores? Qual o papel do RH nesse processo? Como as organizações podem ser mais assertivas na promoção do tema?

Essas são questões importantes para iniciar o acompanhamento e cuidado do bem-estar do colaborador, que ganharam ainda mais importância com a pandemia da covid-19. Segundo o relatório “Tendências de Gestão de Pessoas em 2021”, realizado anualmente pelo Great Place to Work (GPTW), a saúde mental foi citada por 38% dos respondentes como o principal tema de gestão de pessoas a ser trabalhado pelas companhias.

A pesquisa, que reuniu 1.724 respondentes, sendo 358 representantes da alta liderança (C-level e diretoria), apurou que 71% dos participantes acreditam que a saúde mental no ambiente de trabalho é um ponto relevante para a gestão de pessoas na sua empresa. E que não só os programas específicos em saúde mental são fundamentais para lidar com a questão, bem como o envolvimento da liderança no assunto.

Para 30% dos respondentes, esse despertar em relação à importância do tópico e a necessidade de ações por parte da organização se deu justamente por conta dos efeitos da pandemia. O estudo também investigou o entendimento sobre o significado de cuidar da saúde mental dos trabalhadores e como essa questão se traduz na prática.

Assim, para 45% dos participantes, a prevenção da saúde mental do colaborador, tem sentido de identificar as fontes de estresse e atuar sobre as causas com o objetivo de promover um ambiente mais saudável.

Guilherme Malaquias, Médico do Trabalho e Psiquiatra Founder da Herah, explica que a maioria dos transtornos mentais se desenvolvem e evoluem a partir de fatores biopsicossociais, ou seja, da relação entre o indivíduo e o ambiente. “Apesar de parte deles vir de uma herança genética, a maioria pode ser identificada e monitorada, permitindo um melhor controle e promovendo mais segurança psicológica para os seus portadores. Por outro lado, caso essa identificação e controle não ocorram, podem surgir o que chamamos de riscos psicossociais”, esclarece.

Dois protagonistas: ambiente e indivíduo

Guilherme revela que a saúde mental é regida por dois fatores principais: o ambiente e o indivíduo. Nesse contexto, é importante ressaltar que o espaço de trabalho vai muito além da situação do escritório. “No universo corporativo, o espaço laboral não é apenas o local de serviço ou as suas condições locais. Devemos considerar ainda outros fatores, como função e cultura organizacional, o papel do colaborador na empresa, seu desenvolvimento de carreira, amplitude de decisão/controle, relacionamentos interpessoais, interface casa/trabalho, desenho de tarefas, carga e cronograma de atividades”, enumera.

No que diz respeito aos indivíduos, devemos sempre lembrar que cada colaborador também é humano. “Todos nós temos diferentes personas sociais: diretor, gerente, operador etc., mas o que temos em comum em todos os cenários? Pessoas. Logo, não podemos esquecer da vida privada e de suas particularidades”, alerta.

Papel do RH na promoção da saúde mental no trabalho

Para o médico, a responsabilidade sobre a saúde mental no ambiente de trabalho deve ser compartilhada entre os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) e o RH. Tudo, de forma que a mensuração dos riscos seja realizada a partir da percepção dos colaboradores.

Com base nisso, Guilherme sugere o uso de ferramentas para auxiliar nessa tarefa. “Isso pode ser feito através de ferramentas quantitativas e qualitativas, periodicamente, possibilitando, assim, um monitoramento contínuo e a identificação de oportunidades de intervenção”, aconselha.

Após um diagnóstico ambiental, as medidas escolhidas tendem a ser mais eficientes. “Conhecendo detalhadamente o problema de cada profissional, podemos ser mais assertivos”, completa.

No entanto, a equipe de RH deve atentar-se para a importância de haver uma parceria com especialistas. “É fundamental a participação de um profissional experiente no tema para corroborar com os diagnósticos encontrados e conduzir as intervenções necessárias. O processo de saúde ocupacional é médico, então, não podemos esquecer da importância dessa autoridade no processo”, ressalta.

Por fim, Guilherme alerta que apenas contratar uma plataforma de atendimento psicológico on-line ou realizar medidas isoladas, por exemplo, sem investigação e identificação prévias, poderá não resolver o problema. “Dessa forma, o diagnóstico, seja ambiental ou individual, é essencial para que qualquer ação implantada em prol da saúde mental dos colaboradores em uma empresa seja mais assertiva, logo, mais eficiente”, conclui.

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Gerciane de Almeida Borges Matos

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