Cada vez mais as organizações têm percebido que a experiência de seu público interno reflete no resultado do negócio. Entender isso significa levar em consideração o bem-estar do colaborador, afinal, segundo o relatório Global Talent Trends 2019, o burnout no trabalho passou a figurar entre as principais preocupações de executivos nesse ano.
De acordo com os mais de 7 mil entrevistados pela consultoria Mercer, a exaustão do funcionário passou a ocupar posição de destaque na atenção da direção de companhias. O estudo mostra que essa consciência surgiu na medida em que executivos e gestores acompanharam a fadiga gerada pelo cenário de mudança.
Contudo, para o Hospital Alemão Oswaldo Cruz essa atenção e cuidado com o bem-estar do colaborador é uma constante na rotina da organização há mais tempo. E o resultado dessa cultura tem provado a importância da abordagem mais humana.
Isso porque, desde 2009, a entidade é certificada pela Joint Comission International (JCI), mais importante selo de qualidade da área hospitalar. E, para Cleusa Ramos, Superintendente de Desenvolvimento Humano do hospital, esse reconhecimento só é possível diante do investimento intenso da organização na experiência de seus funcionários.
“Nós somos uma instituição de saúde, cujo principal objetivo é cuidar de vidas. Entendemos que, para oferecermos um cuidado de vida pleno, precisamos investir nas pessoas que fazem esse trabalho, ou seja, em nossos colaboradores”, afirma.
Bem-estar do colaborador pode ser contagiante
Como aponta o último relatório da Mercer, para ter a capacidade de liderar as iniciativas de transformação e alcançar o impacto que a companhia necessita nesse cenário, o RH precisa repensar seu ciclo de vida.
Segundo o estudo, isso exige tanto a adoção de novas tecnologias como a manutenção do foco na experiência do colaborador. Em 2018, o Hospital Oswaldo Cruz teve mais uma prova de que está seguindo o caminho certo ao receber o prêmio Global Healthy Workplace Awards.
Dedicada a reconhecer iniciativas de promoção da saúde em ambientes de trabalho, a premiação foi conferida à organização em reconhecimento ao Programa Bem-Estar. Como explica a Superintendente, o mérito da iniciativa está em ir além de questões regulatórias.
“Ela se volta à prevenção e controle de riscos relacionados à saúde dos colaboradores e de seus familiares”, ressalta. Indo além, Cleusa acrescenta que o programa, ampliado em 2018 com o Saúde Integral, oferece aos colaboradores o mesmo nível de atenção com o bem-estar que espera dedicar aos pacientes do hospital.
Para isso, os dados do indivíduo são utilizados de forma holística, garantindo o cuidado constante com sua saúde. “O foco do trabalho está em evitar e diagnosticar precocemente as doenças”, explica a Superintende.
Tecnologia como suporte da saúde
Desenvolvido em parceria com a Universidade de Stanford nos Estados Unidos, o Saúde Integral permite que os colaboradores do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e seus dependentes tenham acesso a diversos serviços, como medicina preventiva, gestão de doenças crônicas, acompanhamento com equipe interdisciplinar e mais.
Diante do sucesso da iniciativa, o programa passou a ser oferecido a outras organizações e muito disso se deve ao suporte da tecnologia aplicado ao projeto. Cleusa destaca o uso de uma plataforma digital de gestão de saúde populacional (GSP) desenvolvida pela organização para gerenciar de forma assertiva todas as informações coletadas.
“Ela permite avaliar as condições de saúde do funcionário, as contas médicas e, assim, realizar a gestão das ações de atenção primária daquele grupo específico e de seus dependentes”, revela.
Enquanto os dados da Global Talent Trends 2019 mostram que apenas um em cada três líderes de RH listou a reformulação da experiência de funcionário por meio da tecnologia entre suas tarefas para 2019, Cleusa esclarece como essa transformação tem sido crucial no hospital.
Isso porque a organização conta também com o aplicativo Sabes (Saúde e Bem-Estar Sempre), construído com base no modelo da Universidade de Stanford, para sistematizar informações de vida, histórico médico e consumo de medicamentos.
É a partir desses dados que a empresa irá estudar e mapear tendências que subsidiam a construção de políticas de saúde customizadas e que se adequam ao perfil dos funcionários. Essa postura coloca o hospital entre os 12% das organizações que atualmente utilizam a tecnologia para análises preditivas.
E os resultados não poderiam ser mais claros. Com redução significativa de índices de hipertensão e níveis de estresse e aumento de 48% para 97% no número de colaboradores que realizam consultas periódicas com a equipe do Programa Bem-Estar, a companhia reduziu em mais de 35% o gasto médio do colaborador com plano de saúde.
Mais do que investir na saúde como forma de melhorar o bem-estar do colaborador, o hospital também oferece o Programa de Gestão de Desempenho, permitindo feedbacks constantes e oportunos. “Com essa avaliação, percebemos que os colaboradores têm se sentido cada vez mais satisfeitos para desempenhar suas funções, pois recebem a orientação correta no momento mais adequado. A melhora na conexão entre líder e subordinado também foi um ponto de destaque. Uma Biblioteca de Recursos é disponibilizada para cada funcionário que recebe a avaliação, oferecendo ferramentas que auxiliam no desenvolvimento profissional, alinhado ao feedback e à necessidade de aprimoramento de cada um”, argumenta a Superintendente.
Para Cleusa, o investimento da organização no bem-estar do colaborador tem se mostrado o caminho para o crescimento da organização. “A importância de investir em capital humano é entender que é gente cuidando de gente. Trabalhamos para que o nosso colaborador se sinta integrado e tenha autonomia para desempenhar seu trabalho. Somente assim ele conseguirá cumprir um dos valores da instituição, que é o Protagonismo Colaborativo, em que cada um precisa exercer seu papel, mas, sobretudo, ter iniciativa, se enxergar no outro e trabalhar em conjunto”, conclui.
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