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Da sobrevivência à prosperidade: Tendências Globais de Capital Humano 2021 mostra que mudanças exigem empresas humanizadas

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Estudo anual promovido pela Deloitte aponta lições da pandemia para o RH e como as companhias podem prosperar nesse cenário

Como as organizações podem se posicionar para prosperar mesmo quando estão focadas em fazer as mudanças necessárias para sobreviver? Quais são as mais importantes lições da pandemia para o RH? Empresas humanizadas se destacam nesse cenário? Essas são perguntas centrais que a Deloitte procurou responder na pesquisa “Tendências Globais de Capital Humano 2021”, que entrevistou mais de 6.000 profissionais de todas as indústrias, setores e regiões, com 99 países participantes.

O estudo revelou que os líderes de negócios e executivos de Recursos Humanos mudaram suas prioridades e adotaram formas radicalmente novas de trabalhar e operar em resposta à covid-19. Além disso, pela primeira vez em 11 anos da pesquisa, os participantes das áreas de negócios (59%) superaram os colaboradores do RH (41%).

O relatório ainda explora as formas como as empresas e os líderes podem aproveitar as lições aprendidas com a pandemia para transformar o ambiente de trabalho, não só para sobreviver, mas para prosperar.

Roberta Yoshida, Sócia de Consultoria em Capital Humano da Deloitte, acredita que sobreviver passa a não ser o suficiente. “A sobrevivência traz uma mentalidade de que as mudanças são crises pontuais. A partir do momento em que eu consigo enfrentar essa transformação, volto ao meu curso natural. Já prosperar é reconhecer a mudança como importante e transformacional”, revela.

Esse foi o assunto do “Fórum Especial Tendências Globais de Capital Humano – como liderar a transformação para que a empresa prospere e não apenas sobreviva?”, promovido pela Amcham Brasil e patrocinado pela LG lugar de gente. O evento contou com a participação de Roberta Yoshida, Sócia de Consultoria em Capital Humano da Deloitte, Felipe Azevedo, Presidente da LG lugar de gente, José Antônio Gontijo do Couto, CHRO da FIEMG, e Danielle Arraes, Vice-Presidente RH América Latina da Puratos.

Empresas sobreviventes x empresas prósperas

A partir da trajetória traçada pela pesquisa – e fortemente impactada pelas mudanças trazidas pela covid-19 –, a edição de 2021 informou a organização social em um mundo transformado. Segundo a Deloitte, para prosperar, a humanização deve estar na essência de toda a companhia, abordando cada questão, problema e decisão pelo ponto de vista humano.

Sobre esse assunto, o ano de 2020 trouxe mudanças sem precedentes. “As organizações e os colaboradores foram capazes de demonstrar uma tremenda resiliência e reagir sob pressão”, afirma Roberta.

Por sua vez, Felipe Azevedo, Presidente da LG lugar de gente, acrescenta que as descobertas do levantamento são uma realidade nas empresas brasileiras.  “Eu vejo que, de fato, as tendências – algumas de forma mais rápida e outras mais lentamente – são muito aderentes à cultura no Brasil”, declara.

Nesse sentido, o relatório explorou o caminho da sobrevivência para a prosperidade sob a ótica de cinco Tendências Globais de Capital Humano já apontadas na pesquisa de 2020:

1- Projetar o trabalho com foco em bem-estar: o fim do equilíbrio trabalho/vida

Cada vez mais, as empresas humanizadas começam a projetar o bem-estar no trabalho e na vida, sem a necessidade de separar os temas. Vale notar que o assunto já estava crescendo na agenda organizacional mesmo antes da pandemia.

Na verdade, o tema apareceu como a tendência de maior importância na edição de 2020, com 80% dos participantes identificando-o como importante ou muito importante para o sucesso de sua organização.

“Antes da pandemia a gente já falava de bem-estar. Ele apareceu pela primeira vez em 2019. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e tantas outras informações colocavam a saúde como ponto importante. Em 2020, ampliamos esse conceito que vai muito além de qualidade de vida no trabalho para estar bem dentro da organização. Em 2021, ele alcançou um patamar ainda maior. Hoje, com o efeito da pandemia, não é possível mais separar trabalho, saúde, vida pessoal e segurança”, declara Roberta.

Assim, a Deloitte observa que as companhias que estão sobrevivendo, procuram apoiar o bem-estar por meio de programas adjacentes ao trabalho, ao passo que as instituições que estão buscando prosperar tentam integrá-lo por meio de um projeto mais bem desenhado.

2- Além da requalificação: liberando potencial de força de trabalho

Segundo o estudo, as companhias precisam de uma abordagem de desenvolvimento de pessoas que considere a natureza dinâmica do trabalho e dos colaboradores na busca de se tornarem empresas humanizadas.

O relatório mostrou que os executivos identificaram “a capacidade de seu pessoal para se adaptarem, requalificarem e assumirem novos papéis” como o item mais bem classificado para navegar por incertezas futuras. 72% dos entrevistados selecionaram essa competência como a mais importante ou, ao menos, segundo fator mais relevante.

No entanto, as empresas que estão sobrevivendo constroem seus processos de aprendizagem de cima para baixo, já que consideram que a organização sabe quais são as habilidades que os funcionários precisam aprender.

De acordo com Roberta, por outro lado, as instituições prósperas dão autonomia aos colaboradores para que aliem suas paixões aos interesses da companhia. “Os profissionais estão repensando suas vidas, seus trabalhos, suas carreiras. A requalificação vem para dar autonomia de escolha para os profissionais. Eu saio de um cardápio de treinamento e de capacitação para um leque de possibilidades”, argumenta.

3- Super Equipes: onde o trabalho acontece

A pandemia ressaltou a importância das equipes para o avanço das empresas em momentos de rápidas mudanças. É nesse sentido que 45% dos participantes acreditam que a ação mais crucial que estão tomando ou irão tomar para transformar o trabalho é construir uma cultura organizacional que celebre o crescimento, a adaptabilidade e a resiliência.

Segundo a Sócia de Consultoria em Capital Humano, esse tema entrou no ano passado quando se identificou o potencial da tecnologia na execução das atividades. “Como consigo alavancar a inteligência artificial para que as tarefas nas equipes aconteçam com resultado superior? Esse ano ele ganha nova importância. É dentro dos times que o trabalho efetivamente acontece. Eu preciso dar possibilidade de arquitetar minha função de forma a alcançar patamares mais elevados de contribuição”, comenta Roberta.

Nesse processo, a pesquisa identificou que obter capacidade humana e tecnológica tem se mostrado fundamental. Logo, as empresas sobreviventes usam a tecnologia como ferramenta para tornar os grupos mais eficientes. Já as prósperas integram humanos e tecnologia, criando super equipes em empresas humanizadas.

4- Governança das estratégias de recursos humanos

As empresas desejam entender melhor como será o futuro do trabalho para que tenham capacidade de direcionar as pessoas diante de incertezas. Tudo isso está sendo desenvolvido em um momento em que a equipe está sob pressão de uma crise de saúde pública sem precedentes, além de desafios econômicos e sociais nunca vistos.

Esses desafios exacerbaram a lacuna de informações da força de trabalho que já haviam sido identificadas na pesquisa de 2020, quando 97% dos entrevistados afirmaram que precisam de informações adicionais sobre alguns aspectos de seus colaboradores. Em contraponto, apenas 11% das organizações disseram que foram capazes, de fato, de produzir informações sobre seus recursos humanos em tempo real.

Não por coincidência, as empresas que sobrevivem usam métricas e medições que descrevem o estado atual do quadro. No entanto, aquelas focadas em prosperar agem com base em insights em tempo real no que tange seus colaboradores, promovendo uma tomada de decisão melhor e mais rápida.

De acordo com a Roberta, “nas nossas organizações, têm muitas informações importantes que a gente tenta destrinchar para trás: o que eu poderia ter feito diferente? Neste ano, o principal é utilizar os dados em tempo real, da melhor forma possível, para que eu possa tomar ações antecipadas”, ressalta.

5- Um memorando para o RH: acelerando a mudança para o trabalho de rearquitetura

Segundo a pesquisa, com a pandemia, os departamentos de RH ganharam o direito de expandir as atribuições da área para rearquitetar o trabalho em toda a empresa.

No “Memorando para o RH” presente na pesquisa do ano passado, foi sugerido que era o momento para uma gestão de pessoas mais ousada, com capacidade de expandir seu foco e estender sua influência para melhor abordar a força de trabalho das organizações e participar ativamente das questões de negócios.

Assim, as companhias sobreviventes mantêm um mindset funcional que se concentra na otimização e redesenho dos processos de gestão de pessoas para gerenciar a força de trabalho.

Já as prósperas adotam uma mentalidade empresarial que prioriza o serviço de rearquitetura para capitalizar as energias humanas únicas. “A área de recursos humanos tem uma oportunidade de assumir a liderança em todos esses temas. Quem são os profissionais que mais entendem de humanos na organização?”, reflete Roberta.

Lições da pandemia para o RH: empresas humanizadas se destacam

Estar preparado para diversos cenários, oportunidades e crises é uma das principais lições da pandemia para o RH. No Brasil, 39% dos participantes do estudo afirmaram que suas empresas não contavam com estratégia preventiva antes da crise de covid-19. Mas essa realidade já mudou. Hoje, o planejamento para cenários múltiplos e diversos faz parte dos planos de 48% dos entrevistados.

Para que as empresas alcancem um bom nível de prontidão em relação às transformações que estão acontecendo, os participantes brasileiros acreditam que os principais desafios são:

Nesse contexto, muitos colaboradores entendem que é necessário investir na transformação e promover empresas humanizadas, mas existem diversas barreiras para implementar novas rotinas de trabalho. Entre os obstáculos mais relevantes, estão:

  • 59% dos participantes do país afirmam que a grande quantidade de prioridades que concorrem entre si no dia a dia é o principal vilão;
  • 42% apontam a falta de competências e experiências;
  • 40% votaram no capital para financiamento limitado;
  • 18% falam da falta de visão estratégica.

RH imaginado

O Brasil ainda se sobressaiu à média global quando o assunto foi promover mudanças que que ajudaram os trabalhadores a equilibrar melhor a vida pessoal e profissional. Assim, 72% dos executivos declararam que passaram a tomar medidas nesse sentido desde o início da pandemia. Número mais expressivo que a média somada de todos os países, que ficou em 69%.

Durante a pandemia, os programas levantados para melhorar a experiência do colaborador foram destacados na pesquisa. Para eles, os projetos de maior impacto incluíram proteger a saúde e a segurança dos trabalhadores (81%), aumentar a comunicação com a força de trabalho (55%) e promover o bem-estar do funcionário (46%).

O relatório destaca que a covid-19 nos lembrou que as pessoas são motivadas nos níveis mais altos quando elas podem conectar suas contribuições de trabalho a um propósito e missão maiores.

Nesse período, a gestão de pessoas também ganhou mais confiança em relação aos trabalhadores das companhias, provando que algumas lições da pandemia para o RH foram cruciais para a evolução do setor e criação de empresas humanizadas. Por exemplo, as pessoas que não confiam no departamento tiveram uma redução de 26% em 2019 para 12% em 2020.

A pesquisa ainda chama atenção para alguns pontos que o RH precisa repensar: “Para que uma organização se torne verdadeiramente humanizada em seu núcleo, o RH deve liderar a inclusão de questões humanas em todos os aspectos do trabalho. Colaborando assim, com a empresa e outros líderes funcionais para reimaginar o quê, por quê, quem e como trabalhar em toda a organização”, alerta o estudo.

Dicas para a transformação do capital humano

A pesquisa ainda destacou a importância de as empresas saírem da mentalidade de “sobrevivência” para o mindset de “prosperidade”. Principalmente em contextos desafiadores, como a pandemia, a transformação pode ser um impulsionador para a reinvenção.

Nesse sentido, a Deloitte compartilhou cinco dicas para direcionar as companhias às forças que tornam possível o sucesso organizacional e a promoção de uma empresa humanizada:

  • Integrar a saúde física, mental, financeira e social dos colaboradores na concepção do trabalho em si, em vez de abordar o bem-estar com programas isolados, incluindo o sentimento positivo durante a realização do trabalho e não somente fora dele.
  • Dar autonomia e poder de escolha ao colaborador para que ele se sinta dono do seu trabalho e possa decidir quais experiências de aprendizagem deve buscar. A iniciativa aumenta o engajamento e é capaz de alinhar as paixões e interesses dos colaboradores com as necessidades organizacionais. Dessa forma é possível melhorar o desempenho da organização como um todo.
  • Criar times que usam a tecnologia para aproveitar ao máximo as capacidades distintamente humanas. A proposta é usar desde plataformas de comunicação que incentivem a conexão, até tecnologias de inteligência artificial, que ajudam as pessoas na tomada de decisão.
  • Compreender a força de trabalho, sobretudo através de dados, é o primeiro passo para alinhar seu comportamento com os objetivos organizacionais. Nesse processo, é preciso conhecer profundamente as demandas dos colaboradores, desenvolver suas capacidades e respeitar seus valores e os da organização.
  • Mudar o papel do RH da padronização e aplicação de políticas laborais para uma nova responsabilidade de redesenhar o trabalho em toda a empresa, buscando uma organização verdadeiramente humana. Na verdade, a área de gestão de pessoas deve fomentar o alcance de questões humanas em todos os aspectos do trabalho.

Roberta pontua que o ano passado foi desafiador e tudo o que aprendemos foi duramente conquistado. “Mas essas lições de propósito, potencial e perspectiva podem nos ajudar a saltar para um novo mundo, em que não estamos simplesmente sobrevivendo, mas prosperando”, finaliza.

Não há dúvidas de que empresas humanizadas que contam com o apoio da tecnologia conseguem superar os desafios com mais facilidade. Quer saber mais sobre o tema? Confira o ebook “Como tornar a gestão de pessoas mais digital?”. Nele, você poderá conferir como revolucionar seu negócio com foco nas pessoas.

Pauta publicada em 31 de agosto de 2021 e atualizada em 21 de dezembro de 2021.

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Ícaro Sena

Ícaro Sena é formado em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Possui experiência nas áreas comercial e de tecnologia e já atuou em empresas como Ambev, Champion e Fazen. Na LG lugar de gente desde 2019, já foi Diretor de Sucesso do Cliente, assumindo, posteriormente, a Diretoria de Serviços e agora, em 2023, a Vice-Presidência de Operações da companhia.

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