Como sua empresa tem lidado com a gestão em home office? Após mais de um ano da chegada do novo coronavírus ao Brasil e das consequentes medidas de distanciamento promovidas para evitar seu contágio, esse é um tema que tem preocupado líderes que querem manter suas equipes motivadas e produtivas durante o trabalho à distância.
De acordo com a pesquisa “Série Global Stakeholder – O Futuro do Trabalho, Agora”, promovida pela Salesforce em 2020, a pandemia impactou o futuro do trabalho e as relações entre empresas e colaboradores. O estudo ouviu mais de 20 mil pessoas em diferentes países, dentre eles o Brasil.
Segundo o levantamento, o home office parece ter ganhado destaque especial para os funcionários das empresas. 52% dos entrevistados dizem que trocariam de emprego se isso significasse que poderiam trabalhar remotamente. Enquanto isso, 57% dos profissionais que estavam atuando de maneira presencial relataram que fariam home office se sua companhia oferecesse uma tecnologia melhor.
Uma mudança tão significativa exige das lideranças formas efetivas de se adaptar e obter resultados promissores. É sobre este assunto que o Professor e Sócio-fundador da Caminhos Vida Integral, Luciano Meira, compartilha suas visões e revela as mudanças na gestão em home office. Confira:
Tecnologia e humanização
Segundo Luciano, a primeira questão a ser considerada na gestão em home office é o entendimento de que não é a tecnologia em si que promove a humanização, mas a forma como esse recurso é oferecido.
Para ele, uma solução bem desenvolvida precisa ser amigável para o usuário. “Imagine você usando um aplicativo complexo, onde não haja clareza e nem seja intuitivo. Isso irá piorar o estado de ânimo do indivíduo. Por isso, é necessário que a solução seja bem desenhada e adequada, além de o mais simples e intuitiva possível”, complementa.
Liderança vulnerável é liderança humana
Luciano levanta que os líderes têm compreendido que a confiança é algo importante e deve ser cultivada constantemente na gestão em home office. “A clareza, a verdade na mesa, a transparência e a questão do cumprimento das promessas, tudo isso faz com que a confiança aumente. Inclusive, a vulnerabilidade, que temos aprendido como uma forma de aproximar as pessoas. O líder também deve admitir que precisa de ajuda”, destaca.
Ele explica que um comportamento que, muitas vezes, é encarado pelos gestores como fraqueza, se mostrou uma verdadeira força durante a pandemia.
“Conheci líderes que chamaram suas equipes pelo sistema on-line e disseram: olha, não sei o que fazer. Naquele momento, o posicionamento se tornou a maior força. É como se o líder estivesse dizendo: eu também fui afetado e não sou nenhum super-homem. Isso é autocompaixão, é ter consciência da humanidade em você. A mensagem passada é: eu estou sofrendo, você está sofrendo, então vamos juntos!”, reflete o especialista.
Vale ressaltar que o desenvolvimento da vulnerabilidade e construção da confiança levam tempo. “O processo exige esforços e energias. Mesmo que, milagrosamente, não tivéssemos mais nenhum traço da pandemia amanhã e que pudéssemos voltar a trabalhar presencialmente em massa — e eu acho que isso não vai acontecer — esse cultivo deve continuar, pois quem não tem um ambiente de confiança, perde a capacidade de realização”.
As transformações vieram para ficar
O especialista argumenta que as transformações serão permanentes, mas não da forma em que as vivenciamos agora. Portanto, a gestão em home office passará por adaptações.
“Vamos viver um cenário mais híbrido. Trabalhar em casa pode parecer um problema no momento porque tudo está sendo excessivo com o isolamento. Mas, em um futuro pós-pandêmico, a gente consegue enxergar um híbrido interessante e inteligente entre o trabalho à distância e o presencial”, destaca.
Nesse sentido, as organizações precisarão buscar equilíbrio. “Haverá a volta ao presencial com toda aquela energia dos encontros, do crescimento, das trocas de ideias, na qual a gente pode ver e sentir as equipes construindo e voltando com saudades desse momento. Por outro lado, as empresas terão que oferecer maior liberdade e liberalidade como permitir que os colaboradores permaneçam várias manhãs durante uma semana ou dois dias em casa”, afirma.
Luciano esclarece que o modelo híbrido deve ser oferecido ao menos como opção. “Acho que não tem volta ao que era antes. Teremos que promover mais proximidade com a vida pessoal, um cuidado maior e uma flexibilidade e autonomia para o colaborador”.
Com metas bem construídas e dialogadas e entregas claras, o líder será capaz de oferecer essa autonomia. “Todo colaborador precisa construir dentro do seu ambiente de trabalho uma referência de responsabilidade. Defendo um liberalismo, que é dar mais espaço. Não tem volta, as empresas que não entenderem isso ficarão para trás. Nesse futuro, teremos que avaliar o modelo e tentar eliminar as desvantagens e amplificar as vantagens”, recomenda o especialista.
Por uma liderança atenta
Luciano alerta sobre o crescimento do aumento de casos de Síndrome de Burnout durante a pandemia. Para ele, isso não pode ser ignorado pelos líderes que fazem gestão em home office.
“Burnout não pode ser visto como ‘frescura’ dos colaboradores. É um assunto que vem sendo estudado cientificamente do ponto de vista da neurociência, da psiquiatria e psicologia. A síndrome envolve exaustão, principalmente mental e emocional, mas que desencadeia repercussões fisiológicas”, reforça ele.
O especialista explica que, por ser uma ocorrência específica do ambiente de trabalho, os gestores devem se manter atentos. “É também responsabilidade deles reduzir os fatores que levam ao Burnout”.
Para ele, apesar de ainda não existir nada nesse sentido, em breve haverá uma legislação mais rigorosa quanto a saúde mental dos colaboradores. “Hoje, nossos gestores estão bastante despreparados sobre isso. Então, como líder, eu estudaria a questão e me prepararia para fazermos a gestão humanizada da qual temos tanto falado”, recomenda.
Por fim, Luciano prevê o papel das lideranças nessa nova realidade. “Hoje, o líder humanizado entende tanto de ser humano, que é capaz de manter um ambiente em que as pessoas são mais engajadas, mais produtivas e estão sempre crescendo. Este é o tipo de ambiente que a gente precisa criar agora no século XXI, principalmente a partir da pandemia”, finaliza.
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