O que a gestão de pessoas precisa fazer para chegar ao fim de 2019 com o sentimento de realização e dever cumprido? Quais tecnologias vão ganhar espaço? Como lidar com a nova força de trabalho? Quais ações não podem faltar no planejamento? Para responder questões como essas, ouvimos alguns líderes referência em gestão de pessoas no Brasil, que trouxeram suas perspectivas do RH para este ano.
Transformação digital, games, analytics e foco na experiência do funcionário são alguns dos assuntos abordados pelos especialistas. Confira as dicas:
1 – Transformação digital está em cena
Por que a pauta é prioridade das empresas? Em 2018, o IDC FutureScape fez algumas previsões sobre a transformação digital no mundo. Segundo o estudo, até o fim de 2019, os assistentes e bots digitais pessoais executarão apenas 1% das transações, mas influenciarão 10%, gerando crescimento entre as organizações que dominaram a sua utilização. A pesquisa apontou ainda que 40% das iniciativas de transformação digital serão suportadas por capacidades cognitivas/AI, fornecendo informações críticas e oportunas para novos modelos operacionais e de monetização.
Entretanto, especialistas alertam que a automação não cria valor por si só, mas permite otimizar o que já existe na companhia. Andre Bello, Professor do Centro de Referência em Inteligência Empresarial (CRIE) e especialista em Design Thinking e metodologias corporativas, reforça que: “dar foco no papel da tecnologia não é transformação digital; dar foco no papel da tecnologia é digitalizar processos. A transformação acontece quando tiramos o melhor proveito da tecnologia para o ser humano. Ou seja, precisamos aprender como fazer mais rápido, mais barato e melhor do que fazíamos antes”, explica o professor.
Para Guilherme Cavalieri, Vice-Presidente de Desenvolvimento Humano da Serasa Experian Brasil e Experian América Latina, um dos desafios do RH na companhia é assegurar que a transformação digital, que já impacta o mercado, seja bem implementada. “Assim, damos oportunidade para que as pessoas se capacitem nesse novo modelo de trabalho e se apropriem das novas tecnologias, bem como para que os líderes entendam seu papel no modelo ágil”, comenta.
Quem também está de olho nesse tema é a SulAmérica. Segundo Patricia Coimbra, Diretora de Capital Humano e Sustentabilidade da empresa, uma das prioridades é acelerar a transformação digital. “Pretendemos envolver sempre nossos clientes na construção dos produtos, em um ambiente mais ágil e inclusivo, o que exigirá escuta, diálogo e entregas em ciclos mais curtos”, reforça a diretora.
2 – Games com força total
Na percepção de Marly Vidal, Diretora Administrativa e de Recursos Humanos do Sabin, a tecnologia e a transformação digital já estão sendo discutidas há certo tempo, mas, em 2019, elas serão ainda mais fortes. “Olho para o indivíduo e para a tecnologia e vejo como juntos podem ter uma somatória importante para a decisão. Games e inteligência artificial já estão presentes no dia a dia e percebo um movimento forte das empresas nesse sentido”, destaca.
Essas novas ferramentas também já estão no radar de Luciana Ezequiel, Diretora de Recursos Humanos da DHL Global Forwarding no Brasil. Ela garante que a prioridade será integrar todas as áreas da empresa e suportar o crescimento dos negócios. “Para isso, estamos trabalhando em formas de inovar nossa comunicação interna, impactar o engajamento dos funcionários e criar mais ‘accountability’. Assim como estamos redefinindo nossas ferramentas utilizando games e quiz, buscando solidificar a prática de feedback, que, para nós, são alguns dos pilares da inovação”, pontua a diretora.
3 – People Analytics e a gestão de pessoas
Além dos games, a tecnologia de análise de dados também tem ganhado espaço nas empresas. Marcelo Nobrega, Diretor de Recursos Humanos do Arcos Dourados, maior franquia McDonald’s do mundo, reforça que o analytics está sendo trabalhado no grupo há algum tempo, mas o conceito evoluiu ao longo dos anos. “Atualmente, estamos focados em desenvolver competências digitais, metodologias ágeis e design thinking. Essas iniciativas não estão limitadas ao RH, mas alcançam toda a organização”, comenta.
Nesse mesmo sentido, para José Ricardo Amaro, Diretor de Recursos Humanos da Edenred Brasil, um grande desafio do RH é ser cada vez mais assertivo e estratégico, principalmente, em um novo cenário de transformações. “Temos visto que a otimização dos sistemas está mais robusta, com dados extraídos de Data Analytics e Business Intelligence (BI), gerando informações e relatórios gerenciais direcionados para as metas de RH e que contribuem para a tomada de decisão”, reforça o diretor.
4 – Foco na experiência do usuário
Esse assunto vem ganhando cada vez mais destaque no decorrer dos últimos anos. Segundo o Gartner, 2018 foi o ano da experiência do colaborador e isso demonstra que o tema é a próxima fronteira competitiva a se tornar prioridade nas companhias.
Felipe Azevedo destaca que, graças às ferramentas de tecnologia, hoje já é possível oferecer uma experiência muito mais atrativa ao colaborador. “Precisamos otimizar o tempo da nossa força de trabalho. Isso significa disponibilizar informações via mobile e com acesso centralizado, ordenado e personalizado de acordo com o perfil do funcionário. Como cliente, eu não quero ter que acessar 20 páginas diferentes para conseguir uma única informação. Para os colaboradores, a lógica é a mesma. Por exemplo, se eu vou realizar um treinamento, preciso fazer cursos que sejam aderentes ao meu perfil. Não basta pegar uma lista de cursos aleatórios e entregar para o trabalhador executar”, explica o vice-presidente da LG lugar de gente.
A dica de Juliana Zan, Superintendente de Recursos Humanos da Tokio Marine, sobre o tema é ouvir os clientes internos. Para ela, escutar o que os funcionários têm a dizer permite que a gestão de pessoas crie soluções diferenciadas. “Hoje, não existem práticas de RH que atendam, ao mesmo tempo, tudo e a todos. Então, a gente precisa ir para um caminho de soluções mais personalizadas. Essa é uma grande tendência que nós iremos seguir em 2019”, ressalta.
De acordo com Jaakko Tammela, Diretor de Design do Grupo FJord, um dos estúdios de design mais influentes do país, a experiência do colaborador está intrinsecamente ligada à transformação digital. “Precisamos de agilidade para navegar nesse mundo digital. Seja porque tudo acontece em uma velocidade nunca imaginada, seja porque não existem mais certezas. Dessa forma, precisamos de novas maneiras para executar as tarefas. Os times serão cada vez mais híbridos e inconstantes. Por isso, a experiência do colaborador deve abordar essa visão: como criar um ambiente de constante evolução e aprendizado? Como trazer processos e ferramentas que permitam aos novos integrantes já entrarem contribuindo de maneira simples e efetiva? Como pensar novos modelos de remuneração, contratos e relações?”, questiona Jaakko.
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