Em 2023, a inclusão da Síndrome de Burnout como uma doença ocupacional ganhou notoriedade. No entanto, há um outro problema igualmente sério que o Ministério da Saúde passou a reconhecer como influenciado pelo ambiente de trabalho: o suicídio. Assim, a campanha do Setembro Amarelo, embora recorrente, continua sendo essencial.
Sua relevância deve ser vista como um pilar estratégico para a criação de uma cultura organizacional que valorize o bem-estar mental e a preservação da vida. O papel do RH nesse cenário é crucial.
O que é Setembro Amarelo?
O Setembro Amarelo é uma iniciativa global voltada à prevenção do suicídio. Durante esse mês, as discussões sobre saúde mental no ambiente de trabalho ganham destaque, com o ápice acontecendo no dia 10 de setembro, data reconhecida como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
Instituições de diversos setores, desde empresas até escolas e organizações governamentais, engajam-se em atividades voltadas à conscientização. Semelhante a outras campanhas presentes no calendário do RH, o Setembro Amarelo traz à tona discussões necessárias sobre o bem-estar emocional.
Iniciada em 1994 nos Estados Unidos, a campanha foi inspirada por Mike Emme, um jovem de 17 anos que tirou a própria vida.
No Brasil, a mobilização começou em 2015, liderada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e o Conselho Federal de Medicina (CFM). Apesar de concentrar esforços em setembro, a conscientização sobre a saúde mental deve ser permanente.
Qual o propósito do Setembro Amarelo?
Embora o Setembro Amarelo tenha se originado em uma homenagem a Mike Emme, seu objetivo principal é evitar novas perdas trágicas. A campanha busca sensibilizar não apenas aqueles em sofrimento, mas também a sociedade como um todo, para que possamos atuar na prevenção.
O papel dos profissionais de RH é fundamental nesse processo, pois eles estão na linha de frente da implementação de práticas de gestão de pessoas que visam melhorar a qualidade de vida no ambiente de trabalho, mobilizando também a alta gestão e os colaboradores.
Segundo Felipe Azevedo, Presidente da LG lugar de gente, é preciso criar uma cultura corporativa que coloca as pessoas em primeiro lugar, em que a saúde mental e física, a satisfação no trabalho e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional sejam prioridades.
“Para alcançar essa cultura de bem-estar, é fundamental consolidar e fortalecer o RH, pois, independentemente das mudanças e tendências que surgirem, gerir pessoas resume-se em extrair o melhor delas por meio do cuidado”, reitera.
Saiba mais:
- RH em ação: cuidando da saúde e bem-estar dos colaboradores – Blog Huma (lg.com.br)
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Como identificar quem precisa de ajuda?
Observar atentamente os comportamentos das pessoas ao redor pode ser decisivo para identificar alguém em risco. Mudanças repentinas de atitude, falas que indicam desejo de desistir ou distanciamento social podem ser sinais de alerta. A liderança próxima e atenta às suas equipes desempenha um papel central aqui.
Entretanto, nem sempre haverá indícios evidentes de sofrimento. Por isso, é fundamental que as empresas adotem um compromisso contínuo com a saúde mental de seus colaboradores, criando ambientes onde buscar ajuda seja algo normalizado e incentivado.
Por que a cor amarela foi escolhida?
A escolha da cor amarela para representar a campanha está diretamente ligada a Mike Emme, que era conhecido por seu Mustang 68, restaurado e pintado de amarelo.
Após sua morte, seus amigos distribuíram cartões decorados com fitas amarelas, encorajando aqueles que precisassem de ajuda a procurá-la.
Qual é a importância do Setembro Amarelo nas empresas?
O Setembro Amarelo nas empresas vai além de uma simples campanha de conscientização. O trabalho pode, sim, impactar a saúde mental dos colaboradores, seja através da sobrecarga de tarefas, de um ambiente organizacional hostil ou de condições precárias de trabalho.
Em 2023, o número de afastamentos por transtornos mentais subiu quase 40%, sendo a depressão e a ansiedade as principais causas, segundo o INSS.
No cenário global, mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio a cada ano, um número que supera mortes por HIV, malária e até homicídios.
A prevenção desse problema passa pela criação de ambientes de trabalho que priorizem o bem-estar emocional e ofereçam apoio a quem está em crise.
O que o RH pode fazer durante o Setembro Amarelo?
O RH tem um papel vital, não só em setembro, mas durante todo o ano, na promoção da saúde mental no ambiente corporativo. Aqui estão algumas iniciativas possíveis:
- Informação acessível: compartilhar conteúdo confiável sobre saúde mental, seja por meio de comunicados internos, intranet ou materiais distribuídos fisicamente, como cartazes em locais estratégicos.
- Distribuição de laços amarelos: a distribuição do laço amarelo pode funcionar como um lembrete visual constante sobre a importância do tema, estimulando conversas e conscientização.
- Desenvolvimento de lideranças: treinar líderes para que adotem uma postura empática e próxima às suas equipes é fundamental. Lideranças tóxicas são uma das principais causas de adoecimento no trabalho, aumentando a rotatividade e gerando um clima negativo.
- Ouvidoria interna: criar um canal seguro e anônimo onde colaboradores possam reportar preocupações, incluindo questões de saúde mental, pode facilitar a resolução de problemas e melhorar o ambiente de trabalho.
- Revisão de benefícios corporativos: entender como os benefícios oferecidos pela empresa podem impactar positivamente a saúde financeira e emocional dos colaboradores é uma parte essencial da estratégia de bem-estar.
- Melhoria do ambiente físico: aspectos como ergonomia e conforto no espaço de trabalho também influenciam diretamente a saúde mental dos colaboradores e devem ser cuidadosamente avaliados.
A importância do Setembro Amarelo está em muito mais do que conscientizar por um mês. Trata-se de um compromisso com a vida, o bem-estar e a criação de uma cultura de cuidado no ambiente de trabalho. Ao colocar essas iniciativas em prática, as empresas não apenas protegem seus colaboradores, mas também se fortalecem em termos de retenção de talentos e aumento da produtividade.
Prevenção é uma ação contínua e necessária.
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