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Entenda o papel da liderança nos resultados do trabalho em casa

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Luciano Meira, Professor e Sócio-Fundador da Caminhos Vida Integral, reforça a importância do líder para alinhar diálogo e metas em busca de resultados

O mundo já vivia um cenário marcado por incertezas e a pandemia da covid-19 tratou de pegar até os mais determinados a se adequarem de surpresa, elevando ainda mais a barra de dificuldade. Para as empresas, um dos pontos principais desse movimento está justamente na medida mais efetiva de prevenção do contágio: o trabalho em casa.

Nesse cenário, a gestão do capital humano e mesmo os líderes que já trabalhavam para melhorar o contato com funcionários foram impactados pelo desafio extra do distanciamento.

Para o Professor e Sócio-Fundador da Caminhos Vida Integral, Luciano Meira, é imprescindível que os líderes entendam que os impactos da adoção do home office são reais.

“É claro que sempre há uma perda, eu diria, de qualidade, nas relações humanas e na comunicação interpessoal quando as pessoas estão remotas. Não há nenhuma ferramenta que substitua plenamente o contato, o olhar, a postura física. O corpo fala, as mãos falam, a entonação de voz, tudo isso se perde um pouco quando estamos trabalhando remotamente”, afirma o especialista.

trabalho em casa

Como liderar o trabalho em casa

De acordo com Luciano Meira, mesmo com as ferramentas disponíveis, é natural que a comunicação entre o líder e seus colaboradores fique mais difícil.

Dessa forma, o especialista acredita que o ponto de partida para liderar o trabalho em casa está na garantia de uma comunicação que seja compreendida por todos. “Eu diria que a gente precisa ter o cuidado para repetir com clareza aquilo que nós comunicamos em vários formatos diferentes, não só por vídeo síncrono e assíncrono, mas também através de textos”, recomenda.

Embora seja uma evolução para as empresas, a possibilidade do trabalho em casa pode promover uma espécie de retrocesso para a liderança. “Acho que um dos grandes perigos da liderança on-line é que ela se torne muito unívoca, ou seja, o líder fala e manda orientações e não escuta”, alerta o especialista em Liderança e Gestão Organizacional.

O que muda de fato nessa relação

Enquanto o tempo e os métodos utilizados para liderar os colaboradores remanejados para o trabalho em casa podem se mostrar insuficientes nesse momento, Luciano Meira acredita que cabe aos líderes estarem atentos a alguns pontos fundamentais.

Em suma, cabe ao gestor complementar a experiência com seus colaboradores com o que a tecnologia não é capaz de oferecer. “Pegamos, por exemplo, o Skype ou o Zoom. Temos a presença pelo menos física, a troca de percepções sobre expressões faciais, mais do que o som temos também a imagem, o que melhora a experiência. Mas é preciso fazer isso de uma maneira dialogada e repetida para que a comunicação aconteça de fato e as pessoas sejam claras umas com as outras sobre o que está de fato acontecendo”, explica.

Para todos os efeitos, mais do que em qualquer momento anterior, não se trata apenas de comunicar de forma eficaz tarefas a serem executadas. É importante ter em mente o que motivou essa mudança súbita de modelo de trabalho e como isso também reflete sobre o desempenho dos funcionários.

“Temos que levar em consideração que estamos vivendo um momento de impacto sobre o moral das pessoas, ou seja, como as pessoas se sentem em relação a tudo isso. Existe uma possibilidade depressiva no ar ou de ansiedade aumentada”, destaca Luciano.

Produtividade do trabalho em casa

Nesse cenário, o especialista ressalta a necessidade de adequar a expectativa de desempenho dos colaboradores à realidade que cerca o mercado de trabalho em meio à pandemia do novo coronavírus.

“Será que os trabalhadores numa situação remota possuem as mesmas ferramentas para atingir resultados? Será que eles estão trabalhando em equipes como costumam fazer quando estão no escritório? Isso reduz muito a dinâmica do trabalho e a capacidade de entrega”, pontua o professor.

Ainda que o isolamento possa melhorar a capacidade de foco de alguns profissionais que lidam bem com esse cenário, o especialista reforça que o líder precisa saber alinhar a cobrança de desempenho do trabalho em casa ao momento.

“Talvez seja injusto da parte do líder querer manter essa entrega no mesmo nível de antes. O que nós podemos fazer nesse momento é aprender a reestabelecer metas, propor objetivos realistas para a situação em que nos encontramos”, afirma.

Para ele, apesar do desafio, o momento também oferece à liderança a oportunidade de estreitar laços na criação de novos alvos. “Acho que isso é liderar agora nesse momento. É levar em consideração impactos psicológico, econômico, social e da própria saúde. A partir disso, reconstruir essas metas e objetivos com a participação de todos, dando ao trabalho um novo significado”, completa.

Lição para a liderança sustentável

Os impactos causados pela pandemia, o isolamento e a incerteza mostram ainda mais a importância da atenção à saúde no ambiente de trabalho. Para Luciano Meira, esse é um aprendizado fundamental para a gestão de pessoas.

“Está começando a cair uma ficha enorme de que a saúde precisa ser olhada de uma forma muito rigorosa e especial. Quando nós temos uma ameaça – hoje é um vírus, mas amanhã pode voltar a ser o problema do estresse crônico -, não sabemos quais são as dificuldades, mas todos os fatores que atentam contra a saúde humana vêm antes da produtividade”, frisa.

Isso significa dizer que descuidar desse olhar, como o especialista acredita que vinha acontecendo no cenário global, reflete diretamente sobre a capacidade das organizações de alcançar e aprimorar resultados.

Mais do que isso, Luciano Meira reforça que tanto no trato com o trabalho em casa quanto com o futuro das organizações, é importante que a liderança esteja apta a lidar com um nível de incerteza cada vez maior.

“Não sabemos qual vai ser a próxima crise. Então, a questão do desenvolvimento humano passa a ser essencial. Eu preciso estar muito bem para que possa lidar com instabilidades diferentes que vão surgindo. Em um planeta que tem a população tão grande, que é tão complexo e que apostou tanto em um tipo de progresso acelerado, os perigos são muito grandes”, finaliza.

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Rômulo Santos

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