Implantação de Inteligência Artificial e People Analytics, incentivo à capacitação contínua e chegada de novas gerações de talentos: o mercado exige que as organizações se reinventem para se manterem competitivas. Nesse cenário, o desenvolvimento de pessoas de alta performance é mais um dos desafios dos RHs. Para superá-lo, especialistas apontam que o esporte pode trazer lições valiosas para a gestão de pessoas.
Essa é a proposta que o Técnico da Seleção Brasileira Masculina de Voleibol, Renan Dal Zotto, a ex-Atleta Olímpica, Laís Souza, e o Jornalista e Comentarista do Grupo Globo, Maurício Noriega, trazem à 45ª edição do Congresso Nacional sobre Gestão de Pessoas (CONARH).
Juntos, eles misturam liderança com carreira esportiva, superação de desafios e experiências para compor a palestra “Alcançando e mantendo a alta performance: O que o esporte pode nos ensinar?”, que acontece em 13 de agosto.
Semelhanças entre esporte e mundo corporativo
De acordo com um levantamento feito em 2018 com mil profissionais nos Estados Unidos pela Kimble Applications, 54% dos trabalhadores alcançariam maior engajamento em suas empresas diante da presença de atividades ligadas ao esporte na cultura organizacional.
No entanto, mais do que incentivar a formação de ligas e o debate sobre partidas no ambiente de trabalho, é a aplicação de conceitos básicos do esporte que pode trazer benefícios ainda maiores.
Com uma longa história no voleibol, Renan garante que as duas áreas possuem grandes semelhanças. Eleito em 2018 o melhor técnico de esportes coletivos pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB), o criador do “saque viagem” também tem experiência como líder fora das quadras, atuando como Diretor de Seleções durante o ciclo olímpico 2016 e fundando a Par Mais Empoderamento Financeiro.
Para Renan, suas experiências permitiram que ele associasse os lados teóricos e práticos da gestão ao aliar o papel do atleta ao do líder e empresário. Isso resultou na percepção de que o universo do esporte carrega semelhanças importantes com o mundo corporativo.
“Muita gente pode pensar que talvez o esporte não tenha nada a ver com o dia a dia de uma companhia, ao olhar apenas a essência de cada um. Mas sabemos que, tanto em uma empresa quanto em uma equipe de alto rendimento, mais do que as questões técnicas, o que faz a diferença são as pessoas”, pontua.
Diante disso, o técnico palestrante do CONARH acredita que a relação entre esporte e organizações é capaz de gerar aprendizado a todos os envolvidos. “Acho que o esporte traz para o mundo corporativo vários casos de como motivar e conduzir uma equipe de alto rendimento. Ao mesmo tempo, o ambiente esportivo também aprende muito com as empresas sobre questões de liderança e tomadas de decisões. Não tenho a menor dúvida que, quando estamos abertos para esses novos aprendizados, tiramos grandes lições”, afirma Renan.
Melhorando a performance com os erros
Para Maurício Noriega, responsável pela mediação da palestra no CONARH, há vários aprendizados úteis a serem retirados do mundo esportivo. Contudo, ele aponta que o principal deles é o autoconhecimento. “O esporte ensina muito sobre humildade, respeito, dedicação e a buscar nossos limites e superá-los ou reconhecê-los, o que acredito ser a principal lição. Todos nós temos limites e sempre vai existir alguém que, eventualmente, vai jogar melhor e merecer vencer. Quem não sabe perder não vai aprender a ganhar”, ressalta.
Essa noção também é defendida por Renan Dal Zotto. Ele explica que ainda que a busca por assertividade seja constante, ser capaz de experimentar e extrair algo positivo mesmo nas falhas é essencial ao mundo VUCA. “Esse processo de acertar e errar é muito importante na formação de um atleta, de um gestor ou de uma empresa. Nós temos que ter a consciência de que o erro faz parte do jogo e do processo de crescimento”, completa.
O Técnico da Seleção Brasileira Masculina de Voleibol frisa que a aplicação de programas de capacitação e motivação são ferramentas importantes da gestão de pessoas. Mesmo assim, ele avalia a importância de permitir aos colaboradores a oportunidade de crescer também nas situações adversas.
Por isso, Renan aponta que uma das principais lições do esporte para as empresas é em relação à importância do feedback contínuo na busca da alta performance. “Costumamos dizer que o placar é implacável. Ele está ali o tempo todo dando o feedback para você. Se você está certo ou errado, se está vencendo ou perdendo e, normalmente, quando você está atrás no marcador é porque o seu rendimento não está à altura do que aquele momento exige. Para extrair o melhor da sua equipe é importante dar a eles as melhores condições de treinamento possíveis e motivá-los, mantê-los o tempo todo em estado de alerta, com foco”, explica.
Já Maurício Noriega pondera a relevância do líder nesse processo. Autor do livro “Os 11 maiores técnicos do futebol brasileiro”, o mediador do CONARH conhece diferentes perfis de comando no esporte desde a década de 1950 até os dias atuais e garante que não existe uma fórmula certa para liderança.
O jornalista avalia que, dentro ou fora do esporte, um bom líder é aquele capaz de tocar as pessoas e transformá-las de uma forma positiva. Com base nisso, Noriega acredita que as experiências de Renan e Laís têm muito a acrescentar à gestão de pessoas. “Ambos têm histórias de sucesso em seus esportes e, também, dramas pessoais que enfrentaram com altivez, dignidade e coragem. Acredito que um bom gestor de pessoas tenha que saber equilibrar a vida profissional e a particular, não apenas dele, mas das pessoas que ele lidera”.
Renan concorda com Maurício. “Acho que uma das grandes missões dos gestores, empreendedores e técnicos que lidam com equipes é tentar tirar o melhor de cada colaborador. E essa é uma missão extremamente difícil. Quando você está lidando com pessoas, não existe uma receita de bolo ou uma fórmula mágica em que você aplica e todos absorvem da mesma maneira. Costumo dizer que esse trabalho de comandar e liderar é um processo, um trabalho diário, árduo e de construção. Então, você tem que estar constantemente se reavaliando e observando, primeiramente no geral, como sua equipe está rendendo, e depois individualmente, se você está conseguindo extrair o máximo de cada colaborador e de cada atleta”, finaliza.
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