A pandemia impôs um novo modo de pensar sobre nossos locais, modelos e fluxos de trabalho. Essa mudança, que alcança diferentes partes de cada negócio, tem forte impacto nas competências para o RH. Assim aponta a pesquisa Future of Work Reinvented, promovida em 2021 pela Gartner. Dentre os colaboradores entrevistados, 82% consideram importante que sua organização os veja como uma pessoa, não apenas como um funcionário.
Além disso, 96% dos líderes de RH estão mais preocupados hoje com o bem-estar dos colaboradores do que antes da pandemia. Por sua vez, o design de ofício centrado no ser humano — apresentando experiências de trabalho flexíveis, oportunidades de colaboração intencional e gerenciamento empático — pode aumentar o desempenho do funcionário em até 54%.
Segundo o levantamento, é a hora dos executivos de alto escalão, em um trabalho conjunto com a gestão de pessoas, reconsiderarem ideias antigas sobre o que torna uma força de trabalho de alto desempenho e o que é atraente para os talentos que sua empresa precisa.
Foi com esse mindset de mudanças que, a LG lugar de gente promoveu o talk show “Profissional de RH 5.0: como se destacar no mercado?”. O evento on-line contou com a participação de importantes nomes na área de Recursos Humanos e abordou o papel desses profissionais.
O encontro foi aberto com a participação de Andrea Iorio, ex-Diretor do Tinder Brasil e Chief Digital Officer (CDO) na L’Oréal. Ele também é autor do livro “6 Competências da Transformação Digital”, que esteve na lista dos mais vendidos na Amazon na área de negócios e gestão de pessoas.
O especialista abordou as competências do profissional de RH em um mundo cada vez mais digital e imprevisível. Também refletiu sobre o papel em meio a essas transformações e as novas atribuições. Confira abaixo os principais apontamentos realizados pelos profissionais durante o encontro e entenda as competências para o RH atualmente:
Mudanças urgentes no RH
Diante do mundo digital e do cenário de imprevisibilidade trazido pela pandemia da covid-19, Andrea acredita que as competências para o RH devem passar por três mudanças principais. “A primeira é a cognitiva, na forma como pensamos e tomamos decisões diante das novas tecnologias. A segunda é sobre como nos aplicamos ao cenário de incertezas, tendo que experimentar, testar e aprender continuamente”, diz.
Por fim, o terceiro, segundo ele, é como faremos isso focados no colaborador de uma forma mais humana. “Para não sermos substituídos pela própria tecnologia que adotamos. Acredito que são esses os três eixos que definem o que é o profissional de RH 5.0”, defende o especialista.
As 5 características do trabalho
Para Andrea, as mudanças no mundo estão criando um trabalho que desfruta de novas características, as quais impactam fortemente o RH das organizações e, consequentemente, os colaboradores. São elas:
- Interconectividade e efeitos de rede: há muitas informações entre colaboradores e companhias;
- Tempo real: as contratações são mais rápidas, os feedbacks frequentes e as expectativas da liderança em relação às colaborações das pessoas acontecem em tempo real;
- Big Data: precisamos aproveitar os dados para sermos mais assertivos na comunicação com colaboradores;
- Exponencialidade: as práticas de RH mudaram muito mais nos últimos cinco anos do que nos últimos 20 e as transformações serão ainda mais rápidas daqui para a frente;
- Inteligência Artificial: dá acesso a mais informações e exige que resgatemos nosso lado humano.
Espectadores X Protagonistas no RH
Andrea acredita que, no contexto das competências para o RH, só há duas formas de encararmos as alterações recentes da área. “Ou somos espectadores dessa mudança e mantemos as práticas do passado acreditando que elas vão funcionar no futuro; ou somos protagonistas, quando entendemos que a transformação cultural passa pela transformação de pessoas e não somente de tecnologias”, destaca.
Nesse sentido, segundo ele, as plataformas digitais se tornam indispensáveis, mas somente dentro da perspectiva do investimento nos colaboradores. “Adotar tecnologias sem transformar as pessoas é um trabalho incompleto”, continua o especialista.
Mentalidade de principiante
Se você nunca tivesse trabalhado na área de RH, o que faria diferente? É essa a pergunta que Andrea faz ao questionar a noção de que, em algum momento da carreira, alcançamos o patamar de profissionais completos. “Não é para descartar nossas crenças, educação, experiências e camadas, mas usá-las como base para uma reflexão constante sobre estarmos alinhados às mudanças do mundo, dos colaboradores e das tecnologias para absorver as novidades”, reflete.
Segundo o autor, precisamos promover um novo olhar sobre a nossa trajetória e alinhá-la às atuais competências para o RH 5.0. “Se observarmos nossa carreira de RH de forma linear, especializada e rotineira, não teremos espaço para abraçar todas as tecnologias que estão chegando à área, promover modelos preditivos e aplicativos móveis, como os da LG, perdendo a oportunidade de sermos profissionais”, completa.
É preciso começar agora, mesmo com erros
O profissional de RH 5.0 sabe que precisa realizar as mudanças hoje, já que são as práticas cumulativas que fazem a diferença. “Ele não se preocupa com erros, porque o erro provoca feedback e aprendizado. Esse profissional experimenta, tem tolerância ao erro e faz com que a empresa adote essa tolerância também”, aponta Andrea.
Nessa lógica, a vulnerabilidade e o entendimento de que o erro faz parte do processo são fundamentais para as novas competências para o RH. “Muitas vezes herdamos dos líderes analógicos, aqueles que ainda estão um modelo do passado e que veem o erro como um vilão dentro da empresa, essa necessidade de sermos os guardiões dessa cultura”, diz.
Ele recomenda que os profissionais se adaptem o quanto antes e levem isso para as empresas. “Nós temos que fazer uma virada em 180º e sermos os primeiros a ir até o líder e dizer: mas o que o colaborador aprendeu com o erro? O erro foi valioso ou não? E que sejamos os primeiros a fazer isso diante dos outros, para fortalecer as políticas culturais que a liderança toma”, continua o especialista.
Transformação emocional
Andrea propõe uma transformação emocional, na qual as competências para o RH envolvem se conectar mais com o colaborador, entendê-lo mais e tratá-lo de forma mais personalizada, até mesmo através da inteligência de dados. “O digital empoderou o colaborador, com maior acesso à informação, maior competição e menores custos de troca. O trabalhador ainda é um criador de conteúdo, fazendo com que o mundo seja muito mais transparente”, afirma.
O especialista finaliza sinalizando as vantagens das tecnologias para a área: “O digital aumenta a frequência e pontos de contato com o colaborador, coleta dados e informações, personalizando a experiência em escala”, finaliza.
Quer mais dicas e insights para se aprofundar nas novas competências para o RH? Confira a íntegra do talk show “Profissional de RH 5.0: como se destacar no mercado?”. Clique aqui para conhecer todos os insights do Andrea e demais convidados do evento.
Pauta publicada em 21 de junho de 2021 e atualizada em 18 de janeiro de 2022.